Câmbio favorece exportações

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Alta do dólar beneficia agronegócio mineiro e contribui para expansão da renda no campo. 

 

 

O momento é favorável para que os produtores rurais negociem sua produção, avaliam os especialistas

A desvalorização do real frente ao dólar está favorecendo as exportações do agronegócio mineiro e contribuindo para a expansão da renda dos produtores. O momento, segundo especialistas, é favorável para o aumento das negociações com o mercado internacional, principalmente pela valorização das commodities agrícolas. A moeda norte-americana está cotada em torno de R$ 2.

 

Apesar do incremento próximo a 20% observado no dólar ao longo do mês estar proporcionando ganhos aos exportadores, os produtores devem ficar atentos aos custos com insumos importados, como os fertilizantes que estão mais caros.

 

De acordo com o professor e consultor em Negócios Internacionais e autor do livro "Mercado de câmbio e trade finance", Caio César Radacchi, a desvalorização do real deverá ser pontual e, por isso, o momento é decisivo para que os produtores negociem a safra, visto que o mercado financeiro prevê que uma cotação para o dólar em torno de R$ 1,85.

 

"Um dos principais impactos causados pela valorização do dólar é o aumento da inflação, por isso o governo federal e o Banco Central poderão adotar medidas para controlar a alta. Diante dessa possibilidade, os produtores que tiverem estoque disponível podem negociar a safra aproveitando os preços das commodities no mercado internacional e o ganho proporcionado com o dólar mais alto", disse Radacchi.

 

Ainda segundo o consultor, apesar do receio em relação ao encarecimento dos insumos importados, como adubos e fertilizantes, o agronegócio exportador de Minas Gerais e do Brasil possuem grande aparato tecnológico, o que é considerado fundamental para reduzir os custos de produção e ganhar competitividade.

 

 

Compensação - "As empresas, cooperativas e associações envolvidas no agronegócio e que operam no mercado internacional possuem alto padrão tecnológico. A mecanização das culturas maximiza os resultados, proporcionando a melhor utilização dos recursos, a redução dos custos de produção e a diminuição das perdas. Estes fatores contribuem para compensar, em partes, o encarecimento dos insumos", disse.

 

Apesar da indefinição da crise europeia e a perspectiva de redução do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China para 7,5% ao ano, as commodities agrícolas como o milho e a soja estão em alta no mercado internacional.

 

Segundo a consultora e professora de economia da Fundação Getúlio Vargas/IBS Business School (FGV/IBS), Nora Raquel Zygielszyper, mesmo com o agravamento da crise financeira, as commodities agrícolas, a princípio, deverão manter-se valorizadas, isto por serem itens de primeira necessidade, o que atrelado à alta do dólar poderá gerar lucro aos produtores brasileiros.

 

"O momento é favorável para que os produtores mineiros e brasileiros negociem a produção. Os envolvidos na atividade estão ganhando de duas formas: além da valorização do dólar, também existe o incremento dos preços dos produtos no mercado internacional", disse.

 

A consultora alerta que os rumos da economia mundial ainda são muito incertos, principalmente pela crise europeia. "O cenário internacional deverá ter muitas oscilações. Isto pela crise na Europa estar longe de ser sanada. Além disso, existem receios em relação à redução da expectativa do crescimento da China e a recuperação da economia norte-americana".

 

A manutenção da valorização das commodities agrícolas está atrelada, principalmente, à menor oferta dos produtos provocada pela redução das safras de grãos. As condições climáticas desfavoráveis na América do Sul e a redução do crédito na Europa impactaram no rendimento das safras.

 

No mercado brasileiro a redução dos estoques mundiais, a demanda maior por alimentos e a valorização da moeda norte-americana tem impulsionado os preços dos grãos. De acordo com as informações divulgadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a alta do dólar tem impulsionado as negociações, principalmente de milho e soja no mercado internacional.

 

A maior movimentação nos fechamentos de contratos antecipados está relacionada ao interesse comprador, que encontrou vendedores dispostos a novos negócios. Além disso, a alta nos preços externos e a valorização do dólar estimularam a demanda por parte dos vendedores, uma vez que os preços no mercado spot continuam em queda. O Indicador Esalq/BM&FBovespa teve ligeira alta de 0,44% entre 14 e 21 de maio, fechando a R$ 25,08 por saca de 60 quilos.

 

No caso da soja, a demanda internacional e a maior taxa de câmbio são os fatores de sustentação no Brasil. O Indicador Esalq/BM&FBovespa subiu 3,66% entre 11 e 18 de maio, finalizando em R$ 65,11 por saca de 60 quilos.

 

 

 

 

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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