Inadimplência do consumidor tem alta de 24% em um ano

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O que se espera para o mês de abril, quando o assunto é a inadimplência dos consumidores brasileiros, é o começo de uma recuperação. De acordo com o economista da Serasa Experian Carlos Henrique de Almeida, em geral o nível de endividamento tem crescimento menor em relação a março (mês mais crítico do ano) ou, em situações mais otimistas, pode até diminuir. Mas não foi o que aconteceu neste ano.

O Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor, divulgado ontem, (que considera as pessoas que tiveram o nome registrado no cadastro de devedores da instituição) registrou elevação de 4,8% em abril na comparação com março - quando o índice de inadimplência avançou 4,9% em relação a fevereiro. "Ou seja, ficou praticamente no mesmo patamar", comentou Almeida. Foi a maior variação mensal, para o mês de abril, desde 2002. Além disso, na comparação anual, a inadimplência avançou 23,7%. O que impulsionou o crescimento foram as dívidas não bancárias, como cartão de crédito, que de janeiro a abril avançaram 23,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com o especialista da Serasa, o consumidor tomou crédito sem olhar sua capacidade de pagamento. "O que culminou na dificuldade dessas pessoas em pagar os débitos de início de ano, que acabaram se estendendo até abril, pela primeira vez em dez anos", explicou Almeida.

Ele recomenda aproveitar a redução das taxas de juros, que começou a ser anunciada por bancos privados e públicos em abril, para renegociar dívidas atrasadas.

Para o professor de Economia da Universidade Metodista de São Paulo Sandro Maskio, o Grande ABC não está fora da estatística. Ele comentou que boa parte do endividamento - incentivado pelo estímulo ao consumo - se deve à indisciplina financeira. "Grande parte dos consumidores do crédito não se dá conta de que paga pelo serviço por meio das taxas de juros". Além disso, ao não limitar o uso do dinheiro, o cliente, compromete muito além do que o seu orçamento doméstico permite e a alternativa, então, é atrasar as contas. "E a inadimplência é um risco para quem está emprestando dinheiro ao credor, o que pode elevar as taxas de juros e neutralizar as ações do governo de redução", comentou.

No entanto, para Maskio, é necessário que os brasileiros iniciem um processo de conscientização antes de tomar dinheiro emprestado. "O problema não está no acesso maior das pessoas ao crédito, mas sim na conscientização do indivíduo que está adquirindo", comentou.

A expectativa do presidente da Aciscs (Associação Comercial e Industrial de São Caetano), Nelson Braido, é que a partir de agora o consumidor compre menos (como já está acontecendo) e comece a ajustar as contas.


Veículo: Diário do Grande ABC


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