Pesquisa da Fecomércio detecta risco de inadimplência.
Apesar de estar mais receoso na hora das compras, o belo-horizontino ainda apresenta elevado nível de endividamento. Foi o que concluiu a Pesquisa de Endividamento do Consumidor (PEC), divulgada ontem, pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), que apontou que há três anos as contas em atraso não apresentavam um índice menor do que os 42,6%, registrados neste bimestre de março/abril. O número é o menor desde janeiro/fevereiro de 2009, quando o percentual de atraso no pagamento de contas revelou 35,6%. Já do último bimestre até agora, houve um recuo de 2,5%.
No estudo, a causa do suposto "descontrole" é justificado por 65% dos consumidores como "pessoal". "O acesso facilitado ao crédito acabou reforçando a propensão ao endividamento sem o devido controle. Novos padrões de consumo, aliado à falta de cultura de uso planejado do crédito, influenciada pelo crescente avanço das opções de escolhas, compromete a capacidade das pessoas horarem seus compromissos em dia", explica a gerente do Departamento de Economia da Fecomércio Minas, Silvânia de Araujo.
Outro fator que também pode ter influenciado é que desde 2004, no Brasil, 30 milhões de pessoas emergiram das classes D e E (abaixo de quatro salários mínimos), para uma posição da faixa intermediária C (entre quatro e dez salários).
Apesar disso, houve diminuição da taxa de inadimplência para 5,8% em março/abril contra 6,3% em janeiro/fevereiro, o cartão de crédito continua líder absoluto dos compromissos: 55,6% de uso e o maior patamar da série. "Esse alto índice é fruto da maior disseminação do ’dinheiro de plástico’ nos estratos sociais emergentes", evidencia a economista.
Depois do cartão, estão os empréstimos em bancos, que passaram a ocupar o segundo posto na participação dos compromissos financeiros, com 10,4% das respostas.
"O cartão de crédito está se popularizando em diversos segmentos da população, conseqüentemente ocasionando mudanças no comportamento de grupos que não tinham acesso a esse serviço. Percebe-se que, concomitantemente à sua expansão, há um aumento do número de inadimplentes. O descontrole no uso do cartão tem sido apontado como um problema entre jovens que gastam exageradamente ou, por causa da inexperiência, se deixam seduzir com facilidade e acabam acumulando dívidas", argumenta.
Para evitar a inadimplência e fazer com que os atrasos diminuam cada vez mais, a solução é buscar o equilíbrio orçamentário. Os consumidores têm a consciência disso, de acordo com 45,6% deles. A Pesquisa de Endividamento do Consumidor (PEC) foi realizada entre os dias 24 a 30 de abril e ouviu 400 pessoas.
Veículo: Diário do Comércio - MG