Brasil deve focar exportações para fora do Mercosul

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O Brasil deve focar suas relações comerciais com outros países da América Latina. Dados da balança comercial divulgados na última sexta-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam que no acumulado do ano as exportações para países do Mercado Comum do Sul (Mercosul) caíram 12%. Para o embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, países como Peru, Colômbia e Chile "certamente podem absorver parte crescente das exportações brasileiras, ainda que sejam economias muito menores do que o Brasil".

Neves aponta que "a questão está em o País saber promover suas exportações e lidar com seus gargalos que acabam impactando no custo Brasil". Nos dados do acumulado anual, a queda de exportações para a Argentina foram de 12,7%. Segundo o embaixador que é membro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), essas quedas provavelmente são resultantes das barreiras protecionistas implantadas pela Argentina no inicio do ano para diminuir a importação.

O representante do Cebri apresentou como alternativa a esses impasses comerciais a chamada integração das cadeias produtivas, que consiste em facilitar a compra e venda de insumos de um país para que o produto seja fabricado com partes de ambos produtores. Na área automotiva e de autopeças, isso já ocorre em algumas empresas.

Ele vê que, por hora, com os preços das commodities em alta o nosso vizinho latino-americano pode continuar com as barreiras sem muitos prejuízos, mas alerta que "se houver uma queda [do preço] das commodities, com a desaceleração da China pode haver uma crise de liquidez na Argentina", completou.

Balança de maio

Os dados da balança comercial de maio apontaram um saldo comercial com superávit de US$ 2,953 bilhões. Apesar de o montante ser 16,2% inferior ao registrado em maio de 2011, as exportações e importações do mês registraram recorde para o período. Os dados foram, respectivamente, de US$ 23,215 bilhões e US$ 20,262 bilhões. No período, a corrente de comércio também alcançou a cifra recorde para maio, de US$ 43,477 bilhões. Sobre igual data do ano anterior, o dado teve crescimento de 1,4%.

Segundo a secretária de comércio exterior do MDIC , Tatiana Prazeres, o superávit de maio foi excepcional, o maior registrado no ano com média diária de exportações de US$ 1 bilhão.

Apesar de o dólar ter sofrido uma valorização durante o mês, o secretário executivo do ministério, Alessandro Teixeira, disse que isso não influenciou o resultado da balança . Ele explicou que os contratos de câmbio são fechados com antecedência, principalmente de commodities. "Alguns setores levam quase um ano, como soja e minério de ferro, para terem o impacto do câmbio", explicou. No entanto, Teixeira disse que o dólar deve ter um reflexo maior no resultado das exportações brasileiras no segundo semestre de 2012.

No mês, as exportações de produtos semimanufaturados (US$ 2,989 bilhões) registraram valor recorde para maio; já os básicos e manufaturados alcançaram valor de US$ 11,850 bilhões e US$ 7,819 bilhões, respectivamente.

Por mercados compradores, as principais altas foram as exportações para a África 47,5%, Estados Unidos, 12,6%, e Ásia, 11,2%. Por outro lado, as exportações tiveram maior queda para a Europa Oriental, com 28,9%, para a União Europeia, baixa de 17,3%, para o Mercosul com menos 15,3%, sendo Argentina , queda de 15,9%.

Em termos de países, os cinco principais compradores foram: China (US$ 5,331 bilhões), Estados Unidos (US$ 2,732 bilhões), Argentina (US$ 1,614 bilhão) Países Baixos (US$ 1,098 bilhão) e Alemanha (US$ 750 milhões).

Quanto às importações cresceram as compras de bens de capital (11,9%), bens de consumo (10,1%) e combustíveis e lubrificantes (1,9%), enquanto as compras de matérias-primas e intermediários caíram 3,4%.

Por mercados fornecedores, na comparação com maio 2012/2011, cresceram principalmente as compras originárias do Oriente Médio com 82,4%, Mercosul com 11,3%, sendo que da Argentina cresceu 6% e a Ásia com alta de 9,2%. As compras da Europa Oriental decresceram 35%, da África 14,8% e dos Estados Unidos 9,6%.

Em termos de países, os cinco principais fornecedores foram China (US$ 2,883 bilhões), Estados Unidos (US$ 2,775 bilhões), Alemanha (US$ 1,423 bilhão), Argentina (US$ 1,372 bilhão) e Japão (US$ 1,149 bilhão).


Veículo: DCI


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