Consumidor controla gastos e vendas caem

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Comércio teve baixa de 1,3% em maio.


A taxa de inadimplência da pessoa física, que em maio atingiu 8%, maior patamar desde 2009, segundo o Banco Central (BC), começa a afetar o comércio mineiro. Em maio frente a abril, na série com ajuste sazonal, foi registrada queda de 1,3% nas vendas. O resultado, nesta base de comparação, é o pior desde junho de 2011, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o analista do instituto em Minas, Antônio Braz, o alto índice de calote e endividamento das famílias, devido ao crédito facilitado, começam a levar o consumidor a controlar o orçamento com maior rigor. "Apesar do recuo, as taxas que têm como base o ano anterior ainda indicam crescimento expressivo. Portanto, antes de se falar em desaquecimento, é necessário aguardar o comportamento dos próximos meses", avalia.

O IBGE não faz análises por setores na comparação mensal. Porém, no confronto do quinto mês deste exercício com idêntico período do anterior, foi observado crescimento de 6,8%. Entre os oito setores pesquisados, apenas o segmento que engloba a venda de livros, jornais e revistas fechou o mês com recuo, de 10,7%. Em contrapartida, a redução na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), foi responsável por alavancar o índice. Isso porque o grupo, que integra os móveis e eletrodomésticos, beneficiado pelo incentivo fiscal, registrou crescimento de 19,9%, seguido por outros artigos de uso pessoal e doméstico ( 15,4%) e tecidos, vestuários e calçados ( 10,1%).

Mudando a base de comparação, no intervalo que compreende os cinco primeiros meses de 2012 frente a igual intervalo de 2011, o incremento é ainda mais significativo, de 8%, com todos os segmentos consultados apresentando aumento. Os móveis e eletrodomésticos tiveram, mais uma vez, a maior expansão, de 26,2%. Outros artigos de uso pessoal e doméstico ( 15,8%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos ( 8,7%) também se destacaram.

No acumulado de 12 meses, o crescimento do comércio regional foi de 8,4%, superior à média nacional, de 7,3%. Apenas os combustíveis e lubrificantes sofreram queda, de 0,5%. Novamente, móveis e eletrodomésticos, com aumento de 27,8%, impulsionaram o aumento geral. Depois surgem outros artigos de uso pessoal e domésticos (11,5%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (9,8%).

Braz salienta que, de maneira geral, os resultados positivos devem ser atribuídos à ampliação dos financiamentos, baixos índices de desemprego e crescimento dos salários. A afirmativa é corroborada pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do IBGE. O estudo indica que o rendimento médio real do trabalho principal cresceu, nos últimos 12 meses até abril, 10,5% na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A taxa de desocupação na RMBH em maio ficou em 5,1%, praticamente estável com relação a abril.


Ampliado - Considerando-se o comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motocicletas, partes e peças e material de construção, o crescimento no quinto mês do ano, ante igual período do ano passado, foi de 2,6%. Impediu uma expansão mais significativa os veículos, motocicletas, partes e peças, com recuo de 4,4% na mesma base de comparação. O desempenho do segmento indica que a redução do IPI para o setor, anunciada em 21 de maio pelo governo federal, não refletiu na pesquisa.

No acumulado do ano e no dos últimos 12 meses, o crescimento foi de 5% e 6%, respectivamente. A venda de material de construção alavancou o crescimento, com alta de 3,2% até maio e 5,9% em 2012. O baixo dinamismo no mercado de veículos também aparece na pesquisa, com crescimento de 0,2% nos primeiros cinco meses do ano e de 1,7% nos últimos 12 meses. Vale lembrar que, em novembro de 2010, a venda de veículos teve seu pico, com alta de 11,2%, com relação ao mês imediatamente anterior.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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