Operações a prazo seguem em alta

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O aumento do nível de emprego, aliado à melhora na massa salarial real e às facilidades para conseguir crédito, foi o principal fator que contribuiu para o crescimento das vendas a prazo no comércio da Capital, que em maio registraram alta de 65%, após subirem 60% em abril. Os dados foram divulgados ontem pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas).

Por outro lado, as compras a prazo responderam por 65% dos negócios. "Apesar da dificuldade no pagamento de dívidas, iniciada a partir da forte queda no ritmo de crescimento da economia em 2011, o belo-horizontino quer continuar a ter um padrão de consumo e de vida mais compatível com o desenvolvimento do país e de sua ascensão em termos de emprego e renda. Na prática, o atual momento de desaquecimento da economia não inibiu o aumento do consumo de boa parte da classe C", analisa o economista da Fecomércio Minas, Gabriel de Andrade Ivo.

Assim como nas pesquisas anteriores, a preferência pelo uso do cartão de crédito, tanto por parte dos empresários quanto dos consumidores, está cada vez mais evidente. O estudo aponta que 76% das vendas em maio foram efetuadas por este meio, superando os 70% registrados em abril.

No plano nacional, também cresce a cada ano o número daqueles que optam por pagar as compras com "dinheiro de plástico". Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito apontam que o universo de cartões de crédito e de loja alcançou 440 milhões em maio.  como se cada brasileiro levasse 2,3 deles no bolso. Isso sem contar os que têm apenas a função débito. Em 2003, eram 116 milhões de cartões ou 0,6 por habitante.

A explicação para a crescente demanda está nos benefícios que esse tipo de operação oferece ao cliente, como segurança e comodidade, além de possibilitar compras pela Internet. "Com o advento do ‘dinheiro de plástico’, os estabelecimentos comerciais passam a contar com uma modalidade de pagamento mais segura: sem o manuseio de cheques e dinheiro vivo. Com isso, o risco de assalto é menor", argumenta o economista.


Endividamento - Apesar disso, Ivo alerta para o endividamento crescente da população. "Os brasileiros nunca estiveram tão ‘enrolados’ com as faturas", lembra. Em abril, a inadimplência no cartão de crédito atingiu 27,3%, nível mais alto para o mês na série histórica do Banco Central. Caso o critério seja mais rígido e também leve em conta quem atrasou o pagamento do extrato de 15 a 89 dias, o número de consumidores com problemas salta para 38,8%. São R$ 14,6 bilhões que não entraram nos cofres dos bancos. Na média de 2005 a 2010, por exemplo, o calote médio ficou em 24,1%, bem superior aos 9% do cheque especial.

Uma das possíveis causas para a alta da inadimplência, segundo ele, está na falta de planejamento de boa parte da população. Soma-se a isso, a falta de informação de alguns clientes e o fato de que muitos ainda compram mais porque acreditam que o ganho de renda dos últimos anos vai se repetir. "Ninguém pensa que a crise pode tirar o emprego ou estancar a renda", explica.

Há um terceiro motivo mais recente: consumidores podem estar sendo, erroneamente, incentivados a usar o cartão mais do que o necessário. "O esforço do governo em dizer que o juro caiu pode estar fazendo com que muitos usem mais. O juro caiu em algumas linhas de crédito, mas há 27 meses não apresentam retração no cartão", salienta.

Porém, fica nítida a preferência dos consumidores pelo meios eletrônicos como forma de parcelamento, responsáveis por 81% das transações. A agilidade na transação, que gera a comodidade na hora da compra, é um dos motivos para a escolha. Por outro lado, o cheque pré-datado apresentou queda em relação às últimas pesquisas, sendo responsável por 14% das operações de crédito em maio ante 21% de abril.

A queda é devida à alta taxa de inadimplência e a freqüentes golpes no comércio. "Com isso, muitos comerciantes chegaram a conclusão que o cartão de crédito é a forma de pagamento mais segura para ambas as partes. O cliente e lojista preferem o cartão de crédito que funciona quase como uma compra à vista", observa.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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