Diante da crise dos países desenvolvidos e da diminuição do superávit da balança comercial o Brasil deve investir em países alternativos para seu comércio exterior. Especialistas consultados pelo DCI acreditam que nações do Cone Sul como a Colômbia, da África como a Angola e da Oceania como a Austrália podem ser uma opção para os exportadores brasileiros.
O professor da Faculdade Santa Marcelina (Fasm), Reinaldo Batista, acredita que a necessidade de diversificação dos países de destino dos produtos brasileiros deve acontecer pois lugares tradicionais como o Japão, os Estados Unidos e a Europa estão com problemas internos. Ele coloca que um local que pode ser olhado com mais atenção é a Índia, pois "é um país que tem mostrado um crescimento importante e tem um consumo de produtos populares grande", coloca.
Na opinião do professor das Faculdades Rio Branco, Alexandre Uehara, "criar uma política de ampliação de outros parceiros é mais custoso, exige uma pesquisa de demanda e dá um pouco mais o trabalho". Para ele, "talvez primeiro pudéssemos fazer uma política mais intervencionista e reconquistar espaços tradicionais que perdemos".
Batista coloca que no caso da entrada na Austrália, por exemplo, uma das dificuldades é a questão logística já que por ser um país distante o custo do transporte é alto.
Seja para a reconquista ou para a ampliação os especialistas acreditam que o Brasil esbarra em duas barreiras importantes, a primeira é falta de competitividade dos nossos produtos. Segundo Roberto Segatto, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (Abracex), "o que é necessário é uma política de comércio exterior voltado para a indústria, acho que nem se o dólar chegar a US$ 2,5 vai ajudar a exportação. Só vamos conseguir isso com máquinas e equipamentos modernos", disse.
O professor da Rio Branco concorda que é necessário uma melhora na pauta de nossa exportação e exemplifica que "nós tivemos uma valorização da moeda e o reflexo não foi um aumento das nossas exportações".
A segunda questão colocada pelos especialistas que dificulta a entrada de produtos brasileiros em novos mercados é a ação do governo. Para Segatto, faltam iniciativas de promoção dos produtos brasileiros no exterior através de missões e feiras.
O professor Uehara acredita que "o governo brasileiro deva tentar mudar um pouco a percepção dos consumidores estrangeiros sobre o que é o artigo do Brasil, alguns mercados consideram que o produto brasileiro é de pouca qualidade, temos que mostrar que hoje o Brasil tem qualidade", completou
Países Árabes
Os países árabes já representam um conjunto importante da balança comercial brasileira, algumas nações da região podem ajudar o Brasil a melhorar o resultado de seu comércio exterior. Para Michel Alaby, diretor-geral da Câmara, os países que fazem parte do Golfo Arábico "é um mercado que a gente deve investir do ponto de vista de melhoria das relações de comércio da exportação, participando com mais missões, trazendo mais gente para o Brasil e tentando ter uma aproximação mais mercadológica".
Outros locais citados pelo representante da Câmara são o Egito que "com um novo governo deve voltar a comprar", a Argélia, o Marrocos e o Líbano. Na opinião de Alaby, o governo brasileiro deve intensificar "missões em nível governamental acompanhadas do setor empresarial. Nesses países a presença do governo é fundamental", completou.
Ontem a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira divulgou que as exportações do Brasil para esses países totalizaram US$ 6,6 bilhões no primeiro semestre do ano, o que representa um crescimento de 1,7% em relação ao mesmo período de 2011.
Veículo: DCI