Com um índice de uso da capacidade instalada este ano semelhante ao de 2011 e queda no faturamento ocasionada pela redução das vendas, na mesma comparação, os estoques estão mais elevados e os investimentos do parque industrial mineiro tendem a diminuir drasticamente. Este panorama deve fazer com que 2012 seja um exercício sem ganhos para o setor ou até pior, de prejuízos. Entretanto, alguns segmentos devem se salvar, como é o caso da indústria extrativa, de alimentos e da automotiva, esta beneficiada pela política de incentivo do governo federal.
A avaliação é do presidente do Conselho de Política Econômica Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves Fernandes. Ele revela que a entidade fará inclusive uma revisão na sua projeção de desempenho do faturamento do setor para este ano, que já previa uma queda de 2,9% em relação a 2011. "A redução pode ser até pior, mas vamos aguardar", afirma.
Fernandes lembra que, conforme os dados da última Pesquisa Indicadores Industriais (Index) da Fiemg, a estimativa da entidade era de um crescimento de 1,5% para produção industrial em Minas Gerais em 2012 sobre 2011, enquanto em igual confronto o faturamento deve cair 2,9%, o que ilustra o panorama de elevados estoques e retração dos investimentos identificado pelo industrial.
A perspectiva de que os planos de investimentos do setor sejam retomados não é das melhores, analisa Fernandes, Segundo ele, o caminho natural seguirá necessariamente algumas etapas e a primeira delas é desovar os estoques e fazer ajustes no processo produtivo, para só então aumentar a produção e, finalmente, desengavetar os aportes.
Por outro lado, Fernandes explica que as medidas do governo federal de incentivo ao setor automotivo, com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros novos, devem tirar os resultados do segmento do vermelho ao final do exercício. "A mesma coisa vale para os eletrodomésticos da linha branca", acrescenta.
Alimentos - Outro segmento que deve se livrar de resultados negativos é o de alimentos. No acumulado do ano até maio, enquanto todo o parque industrial de Minas havia registrado uma perda de 3,8% no faturamento em relação ao mesmo período de 2011, os produtos alimentícios tiveram um ganho 9,8%, tendência que deve se manter até o final do ano, segundo Fernandes.
A indústria extrativa, ao contrário do parque industrial mineiro como um todo, também deve ter desempenho positivo este ano, considerando a manutenção da demanda mundial por minério de ferro, especialmente, e o câmbio atual, favorável às exportações da commodity. Em maio, o setor recuperou 2 pontos percentuais da perda registrada no faturamento até abril deste ano em relação a 2011.
As horas trabalhadas na produção na indústria extrativa, indicador que reflete em parte o uso da capacidade instalada, cresceu 3,7% entre janeiro e maio ante os mesmos meses de do ano passado. O resultado, neste caso, confirma que a atividade de mineração, apesar de ter faturado 11,3% menos em igual confronto, produziu em ritmo superior ao de 2011. Porém, isso também resulta na elevação dos estoques e na queda dos investimentos.
Veículo: Diário do Comércio - MG