Indústria de alimentos não sofreu retração

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Faturamento do setor em maio cresceu 9,69%.


O mau desempenho da indústria observado nos primeiros meses do ano não atinge todos os segmentos. A indústria de alimentos é uma das que se livrou dos resultados negativos e registrou altas no período. Dados da última Pesquisa Indicadores Industriais (Index), da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), indicam que o faturamento do setor em maio, na comparação com igual mês do ano passado, cresceu 9,69%. Já no acumulado do ano até maio, em relação a igual intervalo de 2011, a variação positiva foi de 9,79%.

O número de horas trabalhadas na produção aponta que o volume fabricado está ascendente. O indicador sofreu variação positiva de 4,79% no confronto de maio com o mesmo mês de 2011 e de 4,06% no acumulado de janeiro a maio, ante igual intervalo do ano passado.

Segundo algumas fábricas instaladas em diferentes regiões do Estado, o aumento da produção e do faturamento nos primeiros meses de 2012 atingiu os 50%. Entre os fatores que impulsionaram o avanço do setor estão a conquista de novos clientes, a maior diversificação da produção, a ampliação da capacidade instalada e as barreiras impostas pelo governo brasileiro para a entrada de produtos alimentícios da Argentina, o que favorece a produção doméstica.

A Clap Industrial de Alimentos Ltda (Maricota Alimentos), com fábrica em Luz, na região Centro-Oeste, estima aumento de 25% na produção e no faturamento em 2012. Com isso, a média mensal de produção, que ficou em 1 mil toneladas em 2011, deve ser de 1,25 mil toneladas em 2012. Já o montante acumulado, que ano passado foi de R$ 95 milhões, deve subir para R$ 120 milhões.

O gerente de produção, Walisson Dorjó, ressalta que o início das exportações ajudou a dar um novo fôlego aos negócios. Desde o mês passado, 5% da produção da Maricota começaram a chegar ao Oriente Médio. A previsão é que, até dezembro, os embarques internacionais atinjam os 10%. Os itens produzidos na planta mineira abastecem, ainda, todos os estados brasileiros, sendo que São Paulo retém 30%, seguido por Minas Gerais, 18%, e Rio de Janeiro, 10%.

Dorjó aponta outros fatores que beneficiam a empresa, como o aumento do poder de compra da população, aliado a mudanças no comportamento da sociedade. "Hoje, a maioria das mulheres trabalha fora de casa e mais pessoas moram sozinhas, o que favorece a venda dos pratos congelados e individuais, bastante práticos", explica. O pão de queijo responde por 65% da produção da Maricota e o restante compreende os demais congelados, como lasanhas e pizzas.

Com o objetivo de manter o ritmo de crescimento em 2013, a empresa investe R$ 6 milhões em maquinário e outras melhorias de infraestrutura. Assim, a capacidade instalada, hoje em 1.400 toneladas por mês, deve dobrar a partir do início de 2013.

Quem também comemora os resultados dos primeiros meses deste ano é a Indústria de Milho Anchieta Ltda, a Anchieta Alimentos, em São Domingos do Prata (região Central). Apesar de não revelar o valor do aporte, o diretor industrial, José Reinaldo Perdigão Fernandes, informa que, no momento, a empresa investe em uma ampliação de 10 mil metros quadrados do seu Centro de Distribuição. "Dessa maneira, nossa linha de produtos vai ser formada por 120 itens, passando a incluir alimentos matinais e salgadinhos de milho", revela.

No primeiro semestre, a produção e o faturamento cresceram 10%, em relação ao mesmo período de 2011. Para os próximos seis meses, a expectativa é mais ambiciosa: obter variação positiva de 20%, também no confronto com o mesmo intervalo do ano passado. Contudo, o resultado de julho não é muito animador. Isso porque, neste mês, ante junho, produção e faturamento retraíram 4%. Mas, caso a situação seja revertida entre agosto e dezembro e a projeção inicial se concretize, em 2012 os negócios devem registrar crescimento de 15%.

A alta da Anchieta Alimentos também deve ser atribuída à ampliação do mercado consumidor, que passou a atingir o Sul de Minas Gerais e da Bahia e o Norte do Rio de Janeiro. O diretor industrial afirma que a maior parte da produção, 90%, abastece o mercado mineiro. Já os 10% restantes se dividem entre Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia.


Veículo: Diário do Comércio - MG





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