Comércio e serviços alavancam economia

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A mudança de hábitos de vida e consumo dos brasileiros, alavancados pelas medidas governamentais, como redução de juros e incremento na renda, tornaram os setores de comércio e serviços os grandes responsáveis pelo crescimento da economia mineira. Como os segmentos que mais foram impactados pelas vantagens trazidas pelas mudanças econômicas adotadas no pós-crise, as expectativas são de permanência dos bons resultados nos próximos meses, mesmo em face à desaceleração dos resultados mundiais.

 

Em Minas Gerais, o principal termômetro do aumento da importância de serviços e comércio na economia é o resultado do Produto Interno Bruto (PIB). O segmento foi o único a alcançar resultados positivos em meio à desaceleração econômica na última pesquisa, referente ao primeiro trimestre do ano. Frente ao mesmo período de 2011, a elevação alcançada foi de 2,8%.

 

Com os bons resultados, o setor ocupou o espaço da indústria, que antes era a principal impulsionadora do crescimento mineiro. Enquanto no primeiro trimestre de 2011 o setor industrial foi o que mais avançou, com 5,9%, no mesmo período deste ano registrou queda de 0,2%.

 

O coordenador da pesquisa do PIB trimestral da Fundação João Pinheiro, Raimundo de Sousa Leal, explica que a vantagem competitiva do setor que inclui serviços e comércio começou há dois anos, quando a taxa básica de juros passou por fortes elevações. "A taxa Selic não afeta tão fortemente o setor de serviços, porque dificilmente a decisão de uma pessoa em cortar o cabelo ou não vai ser pautada no juro", explica.

 

Ainda segundo Leal, a decisão do governo de cortar a taxa de juros, no ano passado, já foi totalmente assimilada pelo segmento de serviços e comércio, mas ainda não chegou à indústria. Isso porque o setor tem uma defasagem entre seis e 18 meses para sentir com mais intensamente mudanças na política econômica. Já as demais áreas sentem aumento na demanda assim que as medidas são anunciadas.

 

Isso porque as medidas governamentais são muito pautadas no estímulo ao consumo. "A compra de bens de consumo duráveis teve um aumento expressivo após as mudanças. Mas somente o comércio sente porque as indústrias ainda têm vendido produtos que estão nos estoques", afirma. Para Leal, a tendência é que nos próximos meses os industriais passem a investir na aquisição de novos equipamentos, o que servirá para alavancar todo o segmento.

 

Câmbio - Segundo o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Gabriel de Andrade Ivo, outra vantagem do setor de comércio e serviços é o fato de não ser tão afetado pelo câmbio como a indústria. Nos últimos dois anos, por diversas vezes, o real passou por picos de elevação, o que reduz as vantagens competitivas do setor produtivo. Porém, o comércio continua a lucrar independentemente se o produto vendido for brasileiro ou chinês.

 

Conforme as pesquisas mensais realizadas pela Fecomércio, os segmentos que mais se destacam no comércio são os de calçados, vestuários, acessórios, eletroeletrônicos e de alimentação, com ajuda dos hipermercados e supermercados. Já o de serviços tem crescido com a ajuda de bares, restaurantes, serviços ligados a viagens (como hotelaria), e cal centers.

 

Segundo Gabriel, as expectativas são de aumento das vendas nos próximos meses. O segmento de alimentação fora de casa, por exemplo, é um dos que deverá seguir em alta até dezembro. Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), Lucas Pêgo, a expectativa é de um aumento de 13% no faturamento do setor no Estado frente aos R$ 900 milhões alcançados em 2011. Somente em Belo Horizonte, o faturamento havia sido de R$ 216 milhões.

 

"Nosso crescimento é muito pautado na mudança comportamental do mineiro, que está comendo mais fora de casa, e no aumento da renda, que possibilita essa mudança", afirma.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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