Sai crise, entra crise e o varejo continua crescendo acima do PIB. Até onde vai o fôlego do setor?
Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), divulgada na quarta-feira 22, mostrou que mais de 60% dos consumidores estão confiantes com suas perspectivas profissionais. O levantamento, que ouviu 18 mil pessoas do País inteiro, detectou ainda que 80% pretendem manter ou aumentar o volume de compras nos próximos meses. São indicadores que ajudam a explicar por que o varejo brasileiro, mesmo nesse longo período de crise internacional, tem registrado um desempenho invejável (veja quadro ao final da reportagem). Em 2012, o cenário se repetirá, com uma expansão de 8% do setor, num contraste com a alta de 2% do PIB.
Maré cheia: as vendas de eletrodomésticos cresceram 14,1% no primeiro semestre.
“O dólar fraco também ajudou o comércio, atraindo importados baratos”, diz Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da CNC. “Além disso, os incentivos fiscais aceleraram as compras de bens duráveis.” A capacidade do varejo de manter o ritmo crescente, no entanto, será colocada à prova no ano que vem, quando reajustes salariais estratosféricos, dólar barato e redução de IPI sairão da agenda econômica. Mais ainda: as famílias estão endividadas, o que dificulta o acesso a novos financiamentos. Essas preocupações, no entanto, não tiram a confiança dos empresários, que estão acelerando os investimentos.
É o caso do Grupo Pão de Açúcar e da Lojas Americanas, que vão inaugurar 200 lojas até dezembro. O Magazine Luiza também não fica atrás. Após adquirir a rede nordestina Lojas Maia e as Lojas do Baú, nos dois últimos anos, a empresa de Franca vai abrir mais 17 unidades neste segundo semestre. “No ano que vem, a economia tem condições de crescer muito mais que os atuais 2%”, diz Marcelo Silva, diretor-superintendente do Magazine Luiza. “Estamos vendo o copo meio cheio.” Além da conjuntura favorável, o comércio aposta na diversificação para atrair mais clientes. “O varejo entendeu que as pessoas precisam de serviços e passou a oferecer até massagens”, diz Fernando de Castro, presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV).
Veículo: Revista Isto É Dinheiro