Os governos do Brasil e da Argentina voltaram a monitorar o comércio bilateral para evitar novos estremecimentos da relação comercial entre os dois países, como ocorreu no primeiro semestre deste ano. A secretária de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Tatiana Lacerda Prazeres, reuniu-se com o secretário de Comércio Interior da Argentina, Guillermo Moreno, na última sexta-feira, em Buenos Aires, para reavaliar a agenda de contenciosos entre os dois países.
Apesar das dificuldades, o comércio bilateral cresce desde junho, quando os dois países suspenderam os entraves na fronteira seca. Há uma queda em relação a 2011, mas as perspectivas para avanços em setores sensíveis como calçados, têxteis, móveis e autopeças são positivas", diz Prazeres através de nota. Fonte do governo brasileiro disse à reportagem que "o pior momento já passou" e que o importante "é manter o canal de diálogo uma vez que no primeiro semestre era impossível agendar reuniões de monitoramento e negociações".
O diálogo para melhorar o fluxo comercial continuou ontem em encontro do ministro Fernando Pimentel com o presidente da União Industrial da Argentina, José Ignácio de Mendiguren, em Brasília. Segundo Prazeres, a conversa foi "para tratar de investimentos da indústria argentina no Brasil." Hoje, o secretário Guillermo Moreno vai liderar uma missão comercial a São Paulo, onde será recebido pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
Autopeças - Uma das maiores reclamações argentinas no comércio com o Brasil concentra-se justamente no setor de autopeças, onde o mercado brasileiro tem um déficit de US$ 6,5 bilhões por ano no comércio global. Moreno quer que a indústria argentina de autopeças seja a principal fornecedora do mercado brasileiro, como forma de compensar o déficit comercial que a Argentina teve com o Brasil nos últimos dez anos.
Segundo a Fiesp, o setor de autopeças e acessórios responde por mais de um terço das exportações brasileiras para a Argentina. O presidente da Associação de Fábricas Argentinas de Componentes (Afac), equivalente ao Sindipeças, Fabio Rozenblum, disse que as duas indústrias pretendem avançar na integração produtiva para substituir as peças que são produzidas fora do Mercosul.
Moreno desembarca em São Paulo com representantes de 100 empresas argentinas. Graças às barreiras que Moreno impôs ao setor importador de seu país, as vendas brasileiras ao mercado argentino entre janeiro a agosto tiveram uma queda de 18% na comparação com igual período de 2011. No mesmo período, a Argentina exportou 6% menos ao Brasil. O superávit do Brasil com a Argentina recuou 54%.
Veículo: Diário do Comércio - MG