Símbolo do Real, iogurte ainda falta na mesa da classe C

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Estudo mapeou por um ano os hábitos de consumo de 8.200 famílias das regiões metropolitanas de SP e Rio



Mesmo nas classes A e B, há 50 categorias de produtos ainda não consolidadas, de uma lista de 120 pesquisadas

Quinze anos depois de se tornar um símbolo da estabilização monetária do Plano Real, o iogurte ainda não conquistou lugar fixo na mesa dos consumidores brasileiros das classes C, D e E.

Ao lado dele, entram pouco nos carrinhos de compras produtos como cereais, água mineral e inseticidas.

O fenômeno foi constatado por uma pesquisa que mapeou, durante um ano, 8.200 famílias das regiões metropolitanas do Rio e de São Paulo. No estudo, a consultoria Kantar, especializada em consumo, mediu o que entrava e o que ficava de fora das compras e com que frequência (veja quadro ao lado).

De uma lista de 120 categorias pesquisadas, 57 -menos da metade- estão consolidadas no consumo das famílias da classe C -com renda média de R$ 2.027,70 (uma categoria é considerada consolidada quando está ao alcance de mais de 50 % das famílias de uma faixa de renda).

Na classe DE, com renda média de R$ 1.398,88, são 53 as categorias conquistadas. Na lista a conquistar estão requeijão, cerveja e produto de limpeza multiuso.

Na classe AB, que representa 24% da população, são 70 as conquistadas.

A consultoria utilizou a definição usada pela Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) para classificar as classes sociais por faixa de renda. Foram considerados como critérios a posse de bens, o grau de escolaridade e as condições de vida nos domicílios das famílias.

Com mais acesso ao crédito e mais facilidades no pagamento, a classe C é a única que está no "vermelho": gasta até 2% mais do que ganha.

"As famílias de menor renda são as que mais equilibram seu orçamento para manter o padrão de consumo que conquistaram nos últimos anos. Na classe DE, a renda média mensal é 4% maior que o gasto médio do mês", diz Christine Pereira, diretora da Kantar.

O equilíbrio no orçamento foi feito com maior planejamento nas compras, constatou o levantamento.

CASA MAIS EQUIPADA

Nos últimos três anos, 3,2 milhões de máquinas de lavar, 4,2 milhões de geladeiras dúplex, 6,7 milhões de micro-ondas e 4 milhões de computadores entraram na casa dos brasileiros.

Mas, apesar dos milhões de bens conquistados, o estudo da Kantar mostrou que, de uma lista de 25 bens (entre eletrônicos, eletrodomésticos e produtos de informática), a casa dos brasileiros da classe C, ou da nova classe média do país, ainda não está equipada com dez desses itens.

Aspirador de pó, TV a cabo, freezer e câmera fotográfica digital são alguns dos produtos que essa faixa de renda ainda não tem.

Na cozinha, sala e quarto das casas da classe DE, ainda faltam computador, cafeteira, videogame, geladeira dúplex, máquina de lavar, câmera fotográfica comum e carro na garagem.

Na casa das famílias AB, só faltam quatro itens para atingir a categoria de consolidado nessa faixa de renda: home theater, câmera de vídeo (filmadora), secadora de roupas e lava-louça.

Os demais 21 já estão nos domicílios dessas famílias.



Veículo: Folha de S.Paulo


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