Com seca, dispara tarifa elétrica para indústrias

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Valor sobe 3.600% entre janeiro e dezembro. Nas residências, alta virá em 2013


No momento em que o governo reúne esforços para reduzir a tarifa de energia elétrica, a escassez de chuvas e o consequente baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas estão fazendo disparar o preço de referência no mercado livre, onde atuam indústrias que são grandes consumidoras de energia. De janeiro a novembro, o valor subiu 3.600%, de R$ 12,20 para R$ 451,82 o megawatt-hora (MW/h) nos contratos de curto prazo.

Se a indústria já começa a pagar a conta da falta de chuvas, o consumidor residencial pode se preparar para um aumento maior nas tarifas em 2013. A revisão tarifária, feita anualmente, deve incorporar o gasto com a energia mais cara gerada pelas térmicas, que estão operando a todo vapor para compensar os reservatórios baixos das hidrelétricas.

No último domingo, foram gerados no país 60.780 MW médios, dos quais 10 mil MW de origem térmica, segundo o Operador Nacional dos Sistema Elétrico (ONS). A demanda por térmicas tem sido tão grande que, além das térmicas a gás, também as usinas a óleo têm sido acionadas. São cerca de 3.200 MW médios gerados por usinas a óleo, com custo elevadíssimo, da ordem de R$ 1.000 o MW/h.

‘Racionamento branco’

O baixo nível dos reservatórios é um dos critérios usados para formar os preços de energia nos contratos de curto prazo do mercado livre. Pelas regras do setor elétrico, não é permitido estocar energia. Distribuidoras e geradoras com sobra de energia vendem o excedente no mercado livre, que representa cerca de 25% do consumo industrial.

Algumas empresas autogeradoras têm preferido paralisar sua produção para vender o excedente da energia, movimento chamado de “racionamento branco”. Segundo uma fonte do setor, isso tem ocorrido no segmento de ferro-gusa:
— São empresas que compraram energia no mercado livre e, diante da disparada atual, param suas atividades para vender essa energia.

O diretor do Departamento de Infraestrutura da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Carlos Cavalcanti, frisa que os contratos de curto prazo no mercado livre não necessariamente têm sido fechados no valor de referência. E diz que a alta de custo com a compra desse tipo de energia só seria repassado ao preço final dos produtos se a atual situação perdurar por seis meses.

A expectativa do setor é que as chuvas venham com força entre dezembro e janeiro, normalizando a situação dos reservatórios. Em outubro, as barragens das usinas no Nordeste alcançaram seu menor patamar em 82 anos. No último domingo, o nível estava em 32,42%, para uma média de 46,2% em novembro de 2011.

Por isso, ainda que a indústria não repasse a alta de custos para o consumidor final, este também será afetado pela falta de chuvas. Com o maior uso de térmicas, o Encargo de Serviços do Sistema (ESS) que vem na conta de luz dos consumidores residenciais, vai aumentar. De acordo com Pedro Pedrosa, presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores (Abrace), o encargo acumulado entre janeiro e outubro estava em R$ 1,5 bilhão. Com a falta de chuvas, deve subir mais R$ 500 milhões em novembro.
— Com a opção pelas hidrelétricas sem reservatórios, o brasileiro ter á de se acostumar a um novo padrão de preço de energia. O consumo está aumentando, mas a quantidade de água que podemos acumular para gastar, não — diz Alexandra Susteras, gerente do núcleo de Gestão de Energia da Andrade & Canellas.



Veículo: O Globo - RJ


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