Banco Central intervém no câmbio após moeda americana chegar a R$ 2,12
Para analistas, ação do BC ontem não é uma indicação de que exista um teto cambial e real deve continuar caindo
A afirmação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o dólar acima de R$ 2 "veio pra ficar" fez a cotação da moeda norte-americana disparar na manhã de ontem, levando o Banco Central a intervir no mercado de câmbio.
Após a medida da instituição, o preço da moeda, que chegou a bater R$ 2,12, recuou e fechou a R$ 2,098, uma queda de 0,76%.
O banco fez um leilão de "swap" cambial tradicional (contratos que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro), no qual foi vendido um volume equivalente a US$ 1,62 bilhão.
O mercado, no entanto, não interpretou a ação do BC como a indicação de um teto para a banda cambial.
Segundo analistas, o real seguirá sua trajetória de desvalorização em relação ao dólar. "A banda de flutuação agora deve ficar numa faixa entre R$ 2,05 e R$ 2,15", afirmou Alan Martins, analista da Futura Corretora.
A atuação da instituição ocorrerá apenas para conter variações bruscas do câmbio, na avaliação do mercado.
Em encontro com empresários da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Mantega afirmou que o câmbio estava em um nível "não ainda totalmente satisfatório, mas razoável".
A avaliação do ministro foi considerada positiva pelo presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Segundo a avaliação de Andrade, a moeda americana poderia subir ainda mais. Ele afirmou que estudos da entidade, com base no câmbio de 2005, indicam que o preço do dólar hoje deveria estar em R$ 2,47.
A moeda americana acumula alta de 11,4% no ano e, nos últimos meses, manteve-se acima dos R$ 2.
PIB
Mantega também afirmou ontem que a economia brasileira dá sinais de crescimento e mostra recuperação em relação ao primeiro semestre, que foi "fraco".
Segundo ele, a economia deve ter crescido 1,2% no terceiro trimestre e deve avançar 1,1% no quarto trimestre.
Mantega fez previsões para o PIB de 2013, que, de acordo com ele, ficará em, no mínimo, 4%. O investimento deverá crescer 8% no período.
"Estamos nos preparando para crescer mesmo com o cenário internacional desfavorável", disse o ministro.
Segundo ele, a situação da economia na Europa não deve melhorar no próximo ano. "Infelizmente, esse mercado estará fechado para nós."
Veículo: Folha de S.Paulo