Desaceleração e intervenção do BC freiam alta do real

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Movimento ocorreu mesmo diante da 3ª onda de inundação do sistema financeiro de dinheiro pelos países ricos Alerta foi feito pelo BIS, destacando que as mudanças devem ter reflexos na atuação dos bancos centrais


A desaceleração da economia brasileira e a intervenção do Banco Central (BC) estão impedindo uma nova valorização do real, mesmo diante da terceira onda de inundação do sistema financeiro de dinheiro pelos países ricos nos últimos três meses.

A constatação é do Banco de Compensações Internacionais, o BIS, que alerta que se o impacto sobre as moedas de países emergentes foi pequeno, a liquidez gerou uma elevação nos preços de ações nas bolsas e nas emissões de títulos da dívida, descolados da realidade da economia mundial, ainda em crise.

Uma das bandeiras internacionais do governo brasileiro tem sido a de criticar a ação dos países ricos de abrir torneiras e injetar trilhões de dólares em suas economias. Na avaliação do Brasil, esse dinheiro não tem servido para promover a recuperação nos países ricos e acaba encontrando seu caminho em direção aos mercados emergentes. O resultado é a pressão sobre o real.

O BIS admite que as medidas tomadas pelos BCs dos EUA, Europa e Japão nos últimos três meses reforçaram as perspectivas de que haveria um novo fluxo de capital em direção aos mercados emergentes, "gerando uma apreciação de suas moedas". Segundo o BIS, quando essas mesmas medidas foram acionadas em novembro de 2010 e junho de 2011, o dólar chegou a cair mais de 5%.

Desta vez, a história seria outra e o dólar chegou a ter uma valorização nos três meses a partir de setembro, mesmo com o novo "tsunami financeiro".

Os últimos três meses de fato foram marcados por uma nova ofensiva de bancos centrais (BCs) nos mercados. No dia 13 de setembro, o Fed anunciou a expansão de sua balança de pagamentos pela compra de US$ 40 bilhões em papéis ligados a hipotecas.

Além disso, indicou que as taxas de juros seriam mantidas em níveis baixos até 2015, mesmo diante de uma recuperação da economia americana nos próximos anos, e ainda garantiu que a expansão da balança de pagamentos por meio de compra de ativos seria ilimitada.

No Japão, o BC local também se lançou em mais uma rodada de injeção de capital, enquanto o BC europeu assumiu seu papel de resgatar parte da economia europeia.

Para o BIS, ainda assim, não houve uma valorização das moedas dos emergentes por dois motivos. O primeiro é a desaceleração dos mercados emergentes. O segundo é a intervenção das autoridades de mercados emergentes./J.C.



Veículo: O Estado de S.Paulo



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