Moeda norte-americana já subiu 12% no ano, mas comércio descarta o repasse imediato
Distribuidores reforçam estoques de especiarias típicas de festas de fim de ano, muitas importadas e, por isso, sensíveis à variação cambial
Mesmo após o dólar atingir nesta semana o maior nível desde maio de 2009, o preço de especiarias tradicionais da ceia natalina e de eletroeletrônicos preferidos no Natal não deverão ter impacto imediato. Com estoques comprados anteriormente, os lojistas prometem não repassar o aumento para os consumidores.
– A maioria desses produtos foi comprada quando o dólar estava mais baixo. Por isso, esses estoques não deverão sofrer alteração de preço – afirma Vitor Koch, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS).
Nem a curva ascendente do dólar ao longo de 2012, que acumula alta de 12%, impactará proporcionalmente nos importados vendidos no Natal, na comparação com o mesmo período do ano passado. A elevação é compensada pela redução do consumo nos países de origem e pela diminuição do custo de produtos de alta tecnologia. Especiarias que colorem os pratos no fim de ano e simbolizam boa sorte, como amêndoas, avelãs, nozes, uva passa e ameixa, deverão ser vendidas praticamente ao mesmo preço de dezembro de 2011, asseguram os distribuidores.
– Esses mercadorias são importadas de países latinos e europeus, que sentiram os reflexos da crise internacional. Com a diminuição do consumo, o preço na fonte baixou – explica Zildo de Marchi, presidente da Uniagro, importadora e distribuidora de especiarias.
Mas produtos ainda mais selecionados, como damasco, tâmara e pistache, poderão ter aumento – em torno de 5%, segundo De Marchi. As especiarias de origem vegetal são importadas de países como Chile, Peru, Turquia, Itália, Grécia, Tunísia e Espanha.
De qualquer forma, especialistas em consumo alertam que os consumidores devem ficar atentos e pesquisar preços. Nesta época do ano, com o aumento no consumo, alguns valores podem subir.
Grandes vedetes na lista de presentes de Natal, os eletroeletrônicos, que têm quase 100% de seus componentes importados da Ásia, também não terão repasse integral da alta do dólar acumulada no ano. Apesar do impacto direto da moeda, os produtos de alta tecnologia, como smartphones e tablets, tiveram queda de preço em razão do aumento de produção.
– Se o dólar não tivesse subido, a redução de preço seria ainda mais visível – diz Régis Haubert, diretor da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica no Estado (Abinee-RS).
Se a moeda estrangeira continuar entre R$ 2,10 e R$ 2,20 em dezembro o reflexo poderá ser sentido pelo consumidor em fevereiro, afirma Haubert:
– Normalmente, a indústria espera uma estabilização da cotação para alterar preço.
Veículo: Zero Hora - RS