Desempenho cairá para 6,5% em 2013 em vista do endividamento dos consumidores, projeta a Fecomércio-RS
O ano de 2012 deve terminar com o PIB gaúcho encolhido em -2%, enquanto a economia do País expandirá 1,3%. A estimativa é da Fecomércio-RS, que projeta crescimento entre 8% e 8,5% nas vendas do varejo. A entidade apresentou seu balanço de final de ano na manhã de ontem em Porto Alegre, quando o economista Marcelo Portugal palestrou também sobre o cenário econômico do Brasil em 2012. “Apesar do desempenho da construção civil, do comércio e dos serviços ter sido positivo, a agropecuária, e em especial a agricultura (devido à seca) teve um efeito nefasto no Estado”, explicou Portugal. Segundo ele, a perda de oito milhões de toneladas de grãos foi responsável pela queda drástica do crescimento do PIB no Rio Grande do Sul.
Já para 2013, a previsão de Portugal é de que, caso o clima colabore e o Estado volte a ter uma produção agrícola similar à de 2011 (quando foram colhidas 28,825 millhões de toneladas de grãos), o PIB gaúcho venha a se recuperar e obter melhor desempenho, alcançando um patamar de 5,8%. Ele destacou que o ano que passou foi “assimétrico”, marcado por uma desaceleração econômica, em vista de que o desempenho do Brasil foi fraco no primeiro semestre e melhorou muito pouco no segundo. “A retomada do crescimento, verificada nos últimos quatro meses, tende a se manter ao longo de 2013, mas de forma lenta, resultando em um período mais homogêneo do desenvolvimento do País.” Portugal acredita que, no próximo ano, o PIB brasileiro tenha potencial de passar do atual patamar (previsto para 1,3%) para em torno de 3,5%. Ele destacou que a crise europeia atrapalhou muito o setor industrial. “Tem-se atualmente um excesso de oferta de bens manufaturados em todo o mundo”, observou, lembrando que a indústria de transformação é o setor que cresce mais lentamente em todos os países.
A projeção de resultados de vendas do varejo dos próximos 12 meses, segundo a Fecomércio-RS, é de 6,5%, em vista de que os consumidores entrarão em 2013 com a renda mais comprometida com dívidas. Outro ponto que deve se manter estável é a taxa inflacionária, que “não deve acelerar, nem baixar”, nas palavras de Portugal. Ele acredita que será “muito difícil” que o País alcance a meta do Banco Central de 4,5% de inflação. “Com a retomada do PIB e a estabilidade da inflação, os juros também devem se manter no patamar atual”, afirmou.
O presidente da Fecomércio-RS, Zildo De Marchi, ressalta que a taxa de juros, ainda alta no Brasil, impactou negativamente no comércio e nos serviços ao tornar o crédito mais caro. Ele ressalta que o varejo tem aumentado o crédito e reduzido as taxas de juros para reverter este quadro. “Os bancos estão tomando medidas corretivas para que os juros fiquem compatíveis com a taxa Selic, estimulando a economia”, frisa, lembrando que “com a baixa de juros, cresce o investimento, e, com isso, a produção e a produtividade”.
Falta de mão de obra qualificada limitará expansão
O economista da Fecomércio-RS Marcelo Portugal salientou que as principais medidas do governo federal para estimular o crescimento devem passar por investimentos públicos e privados, deixando de lado a questão do consumo. “Tem que aumentar no orçamento a participação de investimento em gasto público (infraestrutura), tanto no Brasil quanto no Rio Grande do Sul. Também existe um volume muito grande de recursos privados que podem ser aplicados em portos, aeroportos e estradas. É preciso que haja regras de regulação que sejam estáveis e atraiam capitais para estes setores.”
Portugal aponta que, se nada for feito, o problema de falta de mão de obra qualificada, já presente em todos os setores da economia, deve se agravar. “Para que o potencial de crescimento do País aumente nos próximos anos, é preciso investir logo em educação básica.”
Em 2013, a falta de mão de obra qualificada deverá se apresentar como um fator limitador de um crescimento mais expressivo na geração de empregos. Segundo o presidente da Fecomércio-RS, Zildo De Marchi, a iniciativa do governo federal, que implementou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) visa a amenizar esta demanda até a Copa de 2014.
Veículo: Jornal do Comércio - RS