Carga tributária bate recorde, com 35,31%

Leia em 2min 20s

Transferências para previdência, assistência social e subsídios subiram menos, de 14,08% do PIB para 15,14%

Mais formalização de empresas e e trabalhadores contribuiu para alta na arrecadação de tributos

Apesar da ênfase aos programas sociais destacados no Brasil nos últimos dez anos, o volume de dinheiro que o governo retirou da população com a cobrança de impostos cresceu quase três vezes mais do que a parcela que ele devolveu às famílias e empresas por meio do pagamento de aposentadorias, subsídios e benefícios como seguro-desemprego e o Bolsa Família.

De acordo com levantamento da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, entre 2002 e 2011, a carga tributária no Brasil passou do equivalente a 32,47% de tudo o que era produzido no país para 35,31% -um valor recorde e aumento de 2,84 pontos percentuais, totalizando R$ 1,4 trilhão.

Aí estão incluídos todos os impostos e tributos arrecadados pelos governos federal, estadual e municípios, além de outras taxas e contribuições, como a do FGTS.

Enquanto o governo tira de um lado, do outro há um retorno, que é medido por meio das transferências para previdência e assistência social e subsídios.

No mesmo período, esses repasses cresceram de 14,08% do PIB para 15,14% -alta de 1,06 ponto percentual, alcançando R$ 627,4 bilhões.

Com isso, a chamada carga tributária líquida, que, na prática, é o que afeta a renda disponível e, portanto, o consumo, subiu 1,78 ponto percentual, passando de 18,39% do PIB para 20,17% (R$ 835,5 bilhões).

A fatia de recursos abocanhada liquidamente pelos cofres públicos somente entre 2010 e 2011 ficou quase dois pontos percentuais maior ante o PIB. Isso porque, enquanto a carga bruta cresceu quase R$ 200 bilhões, as transferências se elevaram em apenas R$ 65 bilhões.

FORMALIZAÇÃO

Segundo o secretário-adjunto da SPE, Sérgio Gobetti, a arrecadação de impostos das três esferas públicas cresce, mesmo com as desonerações feitas no ano passado, porque houve crescimento da base: mais pessoas e empresas se formalizaram e passaram a pagar impostos.

"O ciclo virtuoso da economia brasileira proporcionou aumento da formalização, da renda e do lucro das empresas, o que determinou crescimento da arrecadação mais do que proporcional ao PIB", argumentou.

Segundo ele, essa elevação não se deu em razão de aumento das alíquotas cobradas pelos governos. "Foi uma característica do modelo de crescimento do país."

Segundo Othoniel Lucas de Sousa, coordenador-geral de estudos econômicos e tributários, isso fica claro numa análise dos impostos que mais contribuíram para alta da carga tributária líquida entre 2010 e 2011.

Foram eles: Imposto de Renda (IR), contribuição para a Previdência Social, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Cofins e contribuição para o FGTS.

"Houve expansão da massa salarial, maior lucratividade das empresas, aumento do emprego formal, recolhimento extra com CSLL e parcelamentos", diz.



Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Juro ao consumidor cai à mínima histórica

Taxa recua 0,4 ponto percentual em outubro, para 35,4% anuais, refletindo a maior competição entre os banc...

Veja mais
Peso dos impostos sobre a economia bate recorde

Carga tributária brasileira em 2011 chegou a 35,31% do Produto Interno BrutoMais de um terço de tudo o que...

Veja mais
Deflação de alimentos perde força em novembro

Após as fortes altas dos alimentos entre julho e setembro, economistas avaliam que o período de defla&cced...

Veja mais
Sem IPI reduzido, consumo está sujeito à ‘ressaca’ em 2013

Manutenção do benefício fiscal é pleito da indústria em encontros com o governo, diz ...

Veja mais
Mantega vê PIB 'nada espetacular' e anuncia mais ações pró-crescimento

Novos setores serão beneficiados pela desoneração da folha de pagamento, promete ministroPrograma d...

Veja mais
Exportador quer prorrogação de incentivo fiscal do Reintegra

Com menos de um ano de aplicação e com prazo até 31 de dezembro, o Reintegra é alvo de pedid...

Veja mais
Produção da indústria é revista com fim do IPI

Sondagem da FGV indica que os fabricantes de carros, eletrodomésticos e móveis começam a cortar pro...

Veja mais
Entre 150 países, Brasil tem o maior ganho de bem-estar em 5 anos

O Brasil foi o país que melhor utilizou o crescimento econômico alcançado nos últimos cinco a...

Veja mais
Câmbio derruba custo do BC para carregar reservas

A desvalorização cambial e a queda da taxa Selic, do segundo semestre do ano passado para cá, reduz...

Veja mais