Manutenção do benefício fiscal é pleito da indústria em encontros com o governo, diz executivo
Uma “ressaca” pode se abater, em 2013, sobre o comércio de bens duráveis, arrastando consigo os resultados do varejo como um todo. A perspectiva de expansão das vendas no varejo é de 5,2%, três pontos percentuais abaixo do índice projetado para 2012, aponta o estudo da Tendências.
O motivo da desaceleração, aponta Mariana Oliveira, economista responsável pelas análises de varejo da Tendências, é a base alta alcançada neste ano. A partir dos resultados obtidos com a arrancada deste ano, sobra espaço menor para altas.
O crescimento da massa salarial neste ano, que fundamentou a expansão do consumo, pode significar dinâmica semelhante no ano que vem: como o desemprego já caiu, haveria menos oportunidades de elevação no nível de emprego e, por consequência, da massa salarial. Há controvérsias sobre a questão. Finalmente, a redução de alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca, móveis e veículos, adotado pelo governo a fim de estimular o consumo quando a atividade econômica passou a desacelerar.
O benefício vale até o fim deste ano e, sem ele, a redução nas vendas será inevitável e acentuada. O arrefecimento fica evidente entre os bens duráveis (móveis e eletrônicos), para o qual a consultoria prevê expansão de 6,30% no ano que vem, contra 12,4% a ser fechado em dezembro próximo. “Os resultados deste ano têm relação importante com as medidas de incentivo tomadas pelo governo. Houve antecipação do consumo”, aponta Mariana Oliveira, que acredita que as alíquotas serão retomadas gradualmente, a partir de janeiro, chegando ao índice cheio após alguns meses.
O setor automotivo, com forte peso no índice ampliado (34%), deve sentir a “ressaca” da antecipação de compras, principalmente no começo do ano, para marcar crescimento de 3,7% em 2013, contra os 8% deste ano—índice que foi revisto para baixo, de 8,5%, por conta da queda em setembro.
Ilha de exceção
“O setor de eletrodomésticos é uma ilha de exceção no país, o que deve ser atribuído à redução de IPI”, afirma Armando Dennis do Vale, vice-presidente de relações institucionais e sustentabilidade da Whirlpool.
O grupo beneficiado pela redução do imposto — máquinas de lavar, fogões e geladeiras—alcançará crescimento entre 15% e 18% neste ano e o setor como um todo, de 10%, contabiliza o executivo. “Com o benefício, uma lavadora fica até R$ 150 mais barata, o que a mantém abaixo da barreira dos R$ 1.000. Oconsumidor vai à loja e, no embalo, também compra outros produtos, como secadora, celular e item de informática.”
O impacto da redução é forte porque as alíquotas que incidem sobre o segmento são altas. “É o segundo setor mais tributado do país, só comparável a cigarros, bebidas e perfumes.”
O executivo estima que, se o benefício for mantido, no ano que vem deve haver expansão em dois dígitos outra vez. Caso contrário, deve ficar entre 3% e 4%. “Não seria um desastre. Mas, como já ficou claro o efeito de alavancagem da medida, a perspectiva é de que seja mantida, elevando os indicadores industriais, que ainda não estão confortáveis. Temos reuniões mensais com o governo para discutir a situação do mercado e estamos sempre pedindo a permanência da isenção.
Veículo: Brasil Econômico