Deflação de alimentos perde força em novembro

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Após as fortes altas dos alimentos entre julho e setembro, economistas avaliam que o período de deflação desses itens pode acabar em dezembro, depois da queda registrada em outubro e, de novo em novembro, se forem confirmadas as projeções feitas para o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) que será divulgado hoje. Alguns produtos, como o milho e a soja, por exemplo, já devolveram boa parte do avanço observado em meados do ano e agora dão sinais de alguma acomodação.

A média das estimativas de dez consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data é de queda de 0,08% do IGP-M, ante alta de 0,02% observada em outubro. As estimativas variam de estabilidade a recuo de 0,17% do indicador. A Fundação Getulio Vargas (FGV) divulga o resultado hoje.

Fabio Romão, economista da LCA Consultores, afirma que o período de queda dos preços no atacado será bem mais enxuto do que o ciclo de alta que o antecedeu, e nota já ser possível observar que a deflação de alguns itens está perdendo fôlego. No IGP-DI de outubro, por exemplo, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) recuou 0,68%. No IGP-10 de novembro, a queda foi menor, de 0,57%, e a projeção é de deflação de 0,24% para o IGP-M. Os IGPs diferem pelo período de coleta.

Como o IPA representa 60% da composição dos IGPs, Romão projeta que o índice passará de baixa de 0,28% no IGP-10 para queda de apenas 0,05% no IGP-M de novembro. Os preços vão cair menos no atacado, comenta o analista, tanto por causa do comportamento dos produtos agropecuários quanto dos industriais. Para o IPA-Agro, a previsão é de queda de 0,27%, inferior à retração de 0,57% no mesmo índice de outubro. Romão afirma que a tendência é de interrupção desse ciclo de baixa nas próximas leituras, com perspectiva de alta de 0,5% dos alimentos no atacado até o fim de dezembro.

A soja, que subiu fortemente após a quebra de safra nos Estados Unidos, diz o economista, já devolveu grande parte dos reajustes, enquanto o milho, que no IGP-M de outubro caiu quase 4%, também tende a voltar a subir nessa leitura.

O mesmo movimento acontece com os preços industriais, diz Thiago Curado, da Tendências Consultoria. O minério de ferro deve deixar recuo de 5,91% em outubro e cair 3,6% em novembro.

Priscila Godoy, economista da Rosenberg & Associados, afirma que o repasse da desaceleração dos preços no atacado para o varejo sempre ocorre com defasagem e em menor intensidade. Em novembro, segundo Priscila, a deflação dos alimentos no atacado observada nas últimas leituras ficará mais visível no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% do IGP-M.

A Rosenberg projeta alta de 0,32% do IPC em novembro, menor que a alta de 0,58% no mês anterior. O grupo alimentação, pelos cálculos da consultoria, subirá 0,20% no IGP-M deste mês, bastante abaixo do avanço de 1,08% verificado no índice de outubro.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) avançou 0,23% em novembro, praticamente estável em relação à alta de 0,24% no mês anterior.


Veículo: Valor Econômico


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