Dólar mais caro não afetará o Natal

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Maioria dos varejistas acertou a compra de produtos importados antes da recente alta da moeda americana, que subiu 2,6% só em novembro


Pelo menos até o Natal, o consumidor estará salvo dos aumentos de preços dos produtos importados em razão da alta do dólar. Empenhados em cumprir metas no melhor período de vendas do ano, a maioria dos lojistas pretende manter os preços dos importados.

Jogam a favor dessa tendência o mercado mais competitivo e o fato de as importações para o fim do ano terem sido feitas no primeiro semestre, quando o câmbio estava num nível menor do que o atual.

Na sexta-feira, o dólar fechou cotado a R$ 2,0830, depois de ter atingido R$ 2,1170 e o Banco Central ter feito um leilão de moeda estrangeira para baixar a cotação. Neste mês, o dólar já subiu 2,61%. No ano, 11,45%.

"A alta do dólar não vai ter impacto nos preços neste Natal", afirmou o diretor de Global Sourcing do Grupo Pão de Açúcar, Sandro Benelli. Ele conta que as importações da rede foram feitas com muita antecedência, quando a cotação do câmbio era mais baixa. As compras de itens não alimentícios, cujo preço é fechado com a cotação do dia do pedido, como brinquedos e enfeites, foram fechadas pela empresa um ano atrás.

No caso de alimentos, que poderiam ser afetados porque vale a cotação do dólar no dia do desembarque da mercadoria, a totalidade dos itens importados pelo grupo já está "em casa".

Benelli conta que a participação dos importados no total dos itens natalinos da empresa é de 5% neste ano, a mesma fatia de 2011. Ele não revela quanto ampliou as importações em relação ao ano passado, mas observa que os volumes acompanharam as expectativas favoráveis de vendas da empresa para o Natal como um todo. De toda forma, o diretor observa que as barreiras comerciais impostas pelo governo e a morosidade na liberação das importações inibiram o avanço das compras externas.

Gustavo Dedivitis, presidente da Associação Brasileira de Importadores, Produtores e Distribuidores de Bens de Consumo (Abcon), conta que os importadores reduziram as compras de Natal por causa da lentidão na liberação dos produtos, em razão da operação contra fraudes aduaneiras, do processo antidumping e do dólar mais caro.

Ele também não acredita que o aumento da cotação do dólar seja repassada para os preços ao consumidor. "Nossos importadores, que são tradicionais e não de ocasião, costumam usar hedge (seguro de câmbio) para que não exista aumento de preço no ponto de venda", disse o presidente da Abcon.

"Este ano está mais difícil e o crescimento das vendas está abaixo das expectativas iniciais", conta Adolar Hermann, presidente da importadora de vinhos Decanter. A empresa projetava crescimento de 18% a 20% este ano e, até agora, está ampliando as vendas em 8% sobre 2011. "Não está mau", pondera o empresário, lembrando que, quando há reajuste de preço, perde-se mercado. Por isso, a empresa pretende manter os preços dos vinhos importados e ganhar nos volumes vendidos. Mas ele ressalva que, se o câmbio se consolidar num novo nível, as tabelas de preços poderão ser revistas para cima a partir de março.

A alta do câmbio não reduziu, por enquanto, as encomendas de importados para o primeiro trimestre do ano que vem, disse Alfredo de Goeye, presidente da Sertrading, uma das maiores companhias de comércio exterior, que tem como clientes grandes redes varejistas de artigos de vestuário, utilidades domésticas, alimentos e cosméticos. "Os volumes não foram impactados, além da queda normal que ocorre no período", disse.

Para o Natal, ele relata que as compras feitas para seus clientes cresceram entre 8% e 10% neste ano, em comparação com as de 2011. Os pedidos foram fechados na virada ano e os produtos desembarcados no mês passado.

Crise. Já a Casa Santa Luzia, supermercado especializado em alimentos e bebidas sofisticadas, decidiu reajustar entre 3% a 5% os preços dos itens importados por causa do dólar mais alto. Jorge da Conceição Lopes, diretor comercial da empresa, calcula que, se os preços em dólar dos itens importados não tivessem registrado queda por causa da crise internacional, a alta dos preços em reais teria de ser muito maior, entre 10% 12%.

"Nozes e panetones importados tiveram os preços em dólar reduzidos", conta o diretor. Ele ressalta que a participação dos importados no mix de vendas da empresa, que foi de 55% no ano passado, manteve-se este ano. "As vendas estão iguais às do ano passado e, se conseguirmos repetir o desempenho do Natal de 2011, será muito bom."

Além de reduzir os preços em dólar, a crise internacional inverteu a mão nas negociações com os fornecedores. Lopes conta que, no passado, eram os compradores que procuravam os fornecedores estrangeiros. "Hoje são eles que nos procuram e, em alguns itens, conseguimos descontos de 10% em dólar", conta o empresário.

Por causa da crise, novos países passaram a integrar a lista de fornecedores dos importadores por oferecem condições de negociação mais vantajosas. Neste fim de ano, a Casa Santa Luzia, por exemplo, começou a importar chocolates e biscoitos da Áustria.

O Grupo Pão de Açúcar trouxe queijos da Holanda e vinhos da Austrália e Nova Zelândia. A importadora de vinhos Decanter incluiu a Eslovênia, a Croácia, a Hungria e a Grécia na lista de países fornecedores.


Alguns produtos custam 50% menos que em 2011

Pesquisa mostra que televisores de LED estão custando metade do preço em relação ao Natal do ano passado


Neste fim de ano, TVs de LED estão quase 50% mais baratas em relação a 2011, segundo pesquisa da Shopping Brasil feita a pedido do Estado. A pesquisa foi realizada com base em produtos mais frequentes anunciados em jornais e encartes de 700 varejistas espalhados pelo País.

Em novembro de 2011, o preço mais frequente anunciado de um modelo de TV de LED 32 polegadas era R$1.899. Hoje, pode ser adquirida por R$ 999. Do mesmo tamanho, o modelo de TV 3D teve queda de 40,75%de preço. A TV de LCD de 32 polegadas ficou 25% mais barata no período.

O grande destaque deste Natal serão os modelos de TVs de LED e isso empurrou o preço dos modelos de LCD, que é a tecnologia mais antiga, para baixo, de acordo com o diretor do setor de eletrônicos do Extra, Marcelo Muller. "As TVs de LED também tiveram redução porque a indústria, por acreditar na venda desse produto, reforçou a linha de produção e trouxe mais opções ao consumidor", explica.

Para o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, a evolução tecnológica também influenciou os preços. "O preço dos produtos está caindo por causa das novas tecnologias, da inovação."

O gerente de comunicação da Sony Brasil, Luciano Bottura, afirma que a aposta para o Natal de 2012 é a linha de Smart TVs, aparelhos com softwares embarcados (como jogos) que geralmente acessam a internet. "Esse segmento tem crescido muito. De 21 modelos disponíveis, 16 são Smart TVs". Para Kiçula, da Eletros, essa é uma tendência de todo o mercado. "De 35% a 40% das TVs vendidas em 2012 serão Smart TVs."

As câmeras digitais compactas também sofreram queda expressiva nos preços. Os modelos de alta definição, com 13 megapixels ou mais, eram vendidos por R$ 599 no fim de 2011 e agora saem por R$ 399.

Outra aposta do mercado são os tablets. Para Georges Souyoltgis, diretor da Nova Pontocom (empresa de e-commerce que opera as marcas casasbahia.com.br, extra.com.br e pontofrio.com), o produto terá destaque por se tratar de uma tecnologia nova. "Esperamos um crescimento de vendas forte."

O iPad 2, principal produto do segmento no fim de 2011, também está mais barato, em razão do lançamento do iPad 3. A pesquisa mostra que o modelo com Wi Fi, 3G e 16GB, vendido por R$ 2.049 em novembro de 2011, pode ser comprado hoje por R$1.570, queda de 23,4%. A constante substituição de modelos, entretanto, dificulta uma análise mais precisa da variação de preços, o que também acontece com os smartphones.

Com os notebooks, os produtos que utilizam processadores Intel Core i7 tiveram uma queda de 20% nos preços mais frequentes. Os notebooks com tecnologia Intel Core i3 são os mais presentes nos anúncios do varejo entre 2011 e 2012.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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