O elevado patamar de endividamento das famílias brasileiras, aliado às incertezas que rondam as perspectivas futuras do mercado de trabalho, derrubaram o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que caiu 1,4% em novembro.
Segundo a coordenadora técnica de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Viviane Seda, o consumidor antecipou as compras em meados deste ano, aproveitando os estímulos do governo de isenção e redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bens duráveis como automóveis e itens de linha branca, como fogões e geladeiras.
Isso, na prática, comprometeu grande parcela do orçamento das famílias que efetuaram compras a prazo. Mas, ao mesmo tempo, a lenta retomada no crescimento da economia brasileira começou a levantar dúvidas, na mente do consumidor, quanto à abertura de novas vagas de trabalho no futuro.
"O mercado de trabalho ainda está aquecido, mas não dá para dizer com certeza por quanto tempo continuará assim", disse Viviane. Esse novo contexto esfriou as expectativas de consumo das famílias, que não parecem inclinadas a tomar novas dívidas.
O cenário também derrubou a intenção de compras de bens duráveis em novembro. Segundo Viviane, esse tópico, componente do ICC, caiu 2,6% no mês. Nas famílias pesquisadas para cálculo do indicador classificadas como faixa 1, com ganhos de até R$ 2,1 mil mensais, a intenção de compra de bens duráveis caiu 8,7% no período. "As famílias de baixa renda estão com orçamento bem comprometido."
Isso também afetou as perspectivas do consumidor quanto as suas finanças. A expectativa de finanças familiares caiu 1,3% em novembro - sendo que na faixa 1 houve queda de 4,3% nesse quesito, neste mês. "Tudo isso conferiu maior cautela à confiança do consumidor", afirmou Viviane.
Veículo: Valor Econômico