Especialistas não descartam expansão menor neste Natal

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Endividamento e inadimplência seguem elevados.


Não há dúvidas de que 2012 foi mais um ano marcado por medidas de incentivo ao consumo. Embora a eficácia de ações, como a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o corte dos juros seja questionável, elas certamente contribuíram para que o varejo, restrito e ampliado, registrasse picos de venda em épocas tradicionalmente menos aquecidas. Agora, às vésperas do Natal, o índice de endividamento das famílias segue elevado, bem como a inadimplência. Com isso, entidades ligadas ao setor acreditam que este será o Natal das lembrancinhas, previsão que com certeza frustra a expectativa de alguns segmentos.

Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a atividade deve crescer, em dezembro, 7,5%, na comparação com o mesmo mês de 2011. O dado está abaixo da média de expansão anual, estimada em 8,5%. O economista da entidade, Fabio Bentes, confirma que os presentes deste Natal devem ter um tíquete médio mais baixo, o que favorece, principalmente, itens de vestuário e acessórios. "O orçamento das famílias está mais apertado. Além disso, há a incerteza que ronda o futuro da economia brasileira", argumenta.

Desemprego - Em contrapartida, Bentes salienta que o baixo índice de desemprego do país, em 5,3%, conforme a última Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é responsável por impulsionar a variação positiva do setor, em um exercício no qual o Produto Interno Bruto (PIB) deve avançar percentual inferior a 1,5%. "Apesar da crise, nosso mercado de trabalho ainda não foi afetado e a inflação continua sob controle, apesar de um pouco afastada do centro da meta, de 4,5%", complementa.

A opinião é compartilhada pelo presidente do conselho do Programa de Administração de Varejo (Provar/Ibevar), Claudio Felisoni de Angelo. De acordo com ele, a inadimplência ascendente impede que a comercialização de produtos duráveis aumente. Com isso, no Natal, a preferência deve ser pelos produtos de menor valor agregado, que o consumidor consegue quitar à vista ou sem parcelar por um período muito extenso. Contudo, o especialista é menos otimista em relação ao crescimento. Para ele, a expansão real do varejo, em dezembro, não deve ultrapassar os 3% em relação ao último ano.

Angelo enfatiza que o desgaste das medidas de incentivo se reflete no fraco crescimento do PIB no terceiro trimestre: 0,6%, sobre os três meses anteriores. "A expansão menos vigorosa do PIB é também resultado de uma desaceleração do consumo no período de julho a setembro. Apesar de o ano ter sido bom para o comércio, entre outubro e dezembro o ritmo deve ser menos intenso, sobretudo para os produtos de maior valor, que correspondem a 50% do faturamento da atividade", analisa.

Com o PIB ainda patinando, o professor de Economia do Ibmec Reginaldo Nogueira alerta que é um equívoco do governo insistir em uma única estratégia para fomentar o crescimento, como medidas que apenas estimulam o consumidor a ir às compras. Segundo Nogueira, esse tipo de medida contraria as reais e mais urgentes necessidades do país, como o estímulo à produção, por meio de mais investimentos e desonerações fiscais, para favorecer a instalação de empresas privadas em território nacional.

Crescimento - Em relação ao Natal, Nogueira acredita que o fato de a economia registrar, sucessivamente, percentuais de crescimento abaixo do previsto, não influenciam por enquanto tão diretamente as decisões das famílias. Para o especialista, o mercado de trabalho continua aquecido, o consumo segue pujante. Porém, caso o PIB não atinja, em breve, percentuais de crescimento mais satisfatórios, as empresas podem dar início às demissões, o que naturalmente diminui o poder de compra de uma população com renda altamente comprometida.

O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBS) Raul Duarte Neto acredita que no fim do ano deva acontecer uma mudança no padrão de consumo, considerando que as necessidades por eletrodomésticos, eletrônicos e automóveis já foram saciadas ao longo dos meses anteriores.

Embora ele também admita que o desempenho deste Natal deva ficar aquém ao de 2010, quando a atividade registrou expansão de 11%, ele está confiante em um crescimento, mesmo que modesto, no confronto com 2011, em decorrência do desemprego em baixa e da ampliação da massa salarial.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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