Associação comercial diminuiu expectativa; antecipação de compras e endividamento das famílias atrapalham
O comércio reduziu a projeção de crescimento de vendas para este Natal. Em meados do mês passado, a expectativa dos economistas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) era crescer cerca de 4%. Agora, a estimativa é ampliar em 3% as vendas na comparação com a mesma data de 2011. Se o resultado se confirmar, a taxa de crescimento será a metade da do Natal do ano passado, que tinha sido de 6% sobre o de 2010.
"O Natal deste ano será fraco", afirma o economista-chefe da ACSP, Marcel Solimeo. Ele traça esse cenário com base no desempenho do varejo da primeira quinzena deste mês. Entre os dias 1.º e 15 de dezembro, as consultas para compras a prazo ficaram praticamente estáveis. Isto é, a alta foi de apenas 0,1% na comparação com os mesmos dias de 2011.
Já o movimento de compras para pagamento à vista, geralmente produtos de menor valor, aumentou 5,7%. Na média das duas modalidades de pagamento, baseada numa amostra de dados de clientes da Boa Vista Serviços, que administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), a alta foi de 2,9%.
"A primeira parcela do 13.º salário foi para o pagamento de dívidas", pondera o economista. Ele diz que no fim de semana já houve algum aquecimento nas vendas e a expectativa é que os negócios se acelerem a partir de amanhã, quando será paga a 2.ª parcela do 13º salário. De toda forma, apesar do provável aumento das vendas, a projeção para o Natal foi reduzida em 1 ponto porcentual por causa do fraco desempenho da primeira quinzena do mês.
O curioso é que o ritmo de vendas a prazo da 1.ª quinzena deste mês foi fraco, mesmo com a forte movimento de renegociação de dívidas. O número de dívidas renegociadas cresceu 27% na comparação com igual período do ano passado. Enquanto isso, o número de novos carnês inadimplentes aumentou numa velocidade bem menor: 10,5% nas mesmas bases de comparação. Solimeo acredita que possa ter ocorrido alguma antecipação de compras de geladeiras, fogões e máquinas de lavar em outubro por causa da redução do imposto sobre esses produtos.
De acordo com a ACSP, o ano de 2012 deve fechar com crescimento de 3% nas vendas, a metade do projetado em janeiro, quando a expectativa era crescer 6%, diante de um cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4%.
2013. Na avaliação do presidente da ACSP, Rogério Amato, o cenário é otimista para o varejo em 2013, levando em conta três fatores: "O expressivo crescimento do emprego e da massa salarial, a continuidade da baixa dos juros e a queda da inadimplência, resultados das fortes campanhas de renegociação de dívidas". A entidade projeta crescimento de 6% para as vendas no varejo no ano que vem, considerando uma alta do PIB em torno de 4%.
Amato conta que em fevereiro de 2013 a ACSP vai pôr em funcionamento o "Gastômetro". Trata-se de um projeto semelhante ao Impostômetro, já em operação, que vai permitir que o cidadão entre no site e acompanhe os gastos do governo no âmbito federal, estadual e municipal. "Será como uma pesquisa do Google (site de buscas)", compara. O usuário coloca os parâmetros da pesquisa, a cidade e o tipo de gasto e terá a resposta de quanto o governo gastou num determinado período.
Veículo: O Estado de S.Paulo