Anúncio foi feito ontem pela ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), após reunião com Dilma
Reajuste foi feito com base na alta de 2,73% do PIB de 2011 mais a variação do INPC deste ano, estimada em 6,1%
A presidente Dilma Rousseff definiu ontem, véspera de Natal, em R$ 678 o novo valor do salário mínimo em 2013 e isentou de Imposto de Renda trabalhadores que recebem até R$ 6.000 de lucros e participações nos resultados das empresas.
O novo mínimo passa a valer a partir de 1º de janeiro. O reajuste será de quase 9%, equivalente a R$ 56 em relação ao valor atual, de R$ 622.
A correção foi feita com base na alta de 2,73% do PIB em 2011 mais a variação da inflação medida pelo INPC deste ano, estimada em 6,1% pelo governo.
A isenção de IR para trabalhadores no recebimento de lucros de empresas era uma reivindicação antiga das centrais sindicais, que defendiam um valor maior, na casa dos R$ 10 mil.
O caráter natalino do anúncio foi destacado ontem no Palácio do Planalto, depois de reunião entre a presidente e sua equipe, numa estratégia de ressaltar notícias positivas no final de um ano considerado pela própria Dilma de "difícil, mas vitorioso". O PIB deve crescer em 2012 apenas 1%, quando as previsões iniciais eram de 4,5%.
"Ela [presidente Dilma] fez questão que isso acontecesse hoje, na véspera do Natal", afirmou a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), tendo ao lado o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, e a ministra Helena Chagas (Secretaria de Comunicação Social).
Os três foram convocados para trabalhar ontem, dia em que a maioria dos servidores estava de folga. O novo valor será confirmado em decreto da presidente, que será publicado amanhã no "Diário Oficial da União".
Na semana passada, a última versão do projeto de Orçamento da União, ainda não aprovado em definitivo pelo Congresso, estimou um aumento do salário mínimo dos atuais R$ 622 para R$ 674,96.
O valor havia sido definido com base numa variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) estimada em 5,63%, mas o governo alterou o cálculo para 6,1%.
O valor final do salário mínimo ficou acima da previsão feita pelo governo quando enviou sua proposta de Orçamento em agosto -R$ 670,95, quando a equipe presidencial previa que o INPC iria subir 5% neste ano.
Lei aprovada no governo Dilma estabeleceu que a correção do mínimo deve equivaler à variação do INPC no ano anterior mais o crescimento do PIB de dois anos atrás. Na gestão do então presidente Lula, essa regra era seguida informalmente.
O reajuste de quase 9% do mínimo em 2013 ficará bem abaixo dos mais de 14% concedidos em 2012, por conta da alta de 7,5% do PIB no último ano do governo Lula.
A correção menor é considerada pela equipe econômica como um fator benéfico no combate à inflação no ano que vem, já que a pressão sobre os gastos do governo também será menor.
Vários programas sociais e benefícios são reajustados com base no valor do mínimo, como aposentadorias e pensões da Previdência.
"É um bom anúncio de Natal para o trabalhador, reconhecendo o esforço que todos fizeram para o resultado do país neste ano", afirmou Gleisi.
Mercado eleva previsão de inflação em 2012
O mercado voltou a elevar suas estimativas para a inflação do Brasil em 2012 e 2013 e reviu para baixo sua previsão para o crescimento da economia no próximo ano, segundo a pesquisa semanal Focus, divulgada ontem pelo Banco Central.
A estimativa de cerca de cem analistas, ouvidos na pesquisa Focus, para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu pela terceira semana consecutiva, de 5,60% para 5,69%.
Há um mês, a expectativa era que o indicador encerrasse o ano em 5,43%.
A elevação das apostas para a inflação ocorre depois da divulgação do IPCA-15, prévia do indicador oficial.
Em dezembro, o índice subiu 0,69%, ante 0,54% em novembro.
O indicador foi pressionado pelo grupo alimentos, que voltou a subir, e também por pressões inesperadas em outros itens, como despesas pessoais.
A previsão para a inflação de 2013 também subiu, de 5,42% para 5,47%. Em 12 meses, a taxa saiu de 5,46% para 5,55%.
O mercado também revisou para baixo as projeções para o PIB em 2013. As projeções foram de 3,40% para 3,30%. Foi a sexta baixa consecutiva na projeção para o PIB.
Há um mês, esperava-se crescimento de 3,94% para a economia do país.
Veículo: Folha de S.Paulo