O consumo em supermercados, farmácias, mercearias, empórios, padarias e bares continua em crescimento em boa parte do país, inclusive em Minas Gerais, mas já dá mostras de desaceleração. Foi o que apontou pesquisa realizada pela Nielsen, empresa de informação e mídia, abrangendo 133 categorias de produtos de sete segmentos. A pesquisa é dividida em áreas geográficas, excluindo a região Norte e alguns estados do Centro-Oeste e Nordeste.
De janeiro a outubro de 2012, foi apurado, no conjunto de sete áreas pesquisadas, um pequeno aumento no volume consumido, de 0,4%, em relação ao mesmo período de 2011 - abaixo do resultado verificado na medição anterior, de 1,8%. Em conjunto, Minas Gerais, Espírito Santo e o interior do Rio de Janeiro apresentaram um crescimento similar, de apenas 0,5% - o terceiro pior resultado entre as sete áreas pesquisadas. No período anterior o incremento foi de 1,1%.
Na avaliação da gerente de análises especiais da Nielsen, Arlete Soares Corrêa, Minas acompanhou o comportamento do mercado global analisado. Para ela, esse crescimento no volume consumido, mais modesto, deve-se sobretudo ao fato de que "o bolso do consumidor está dividido". Alguns consumidores, especialmente os das classes C e D, que a partir de 2009 passaram a acessar algumas categorias de produtos, reduziram as suas compras destinadas ao abastecimento do lar. Entre os motivos está o endividamento, sobretudo para aquisição de bens como casas e automóveis.
Mesmo com um crescimento de 0,4% no volume das vendas, foi apurado aumento real de 2,6% no faturamento e de 0,8% no preço dos produtos, já descontada a inflação no período. Segundo Arlete Corrêa, alguns produtos tiveram aumentos em virtude da cotação do mercado internacional, a exemplo dos derivados de soja, e também em função de aumento de tributos.
O faturamento cresceu também em virtude da mudança dos hábitos dos consumidores, que passaram a comprar itens de maior valor, como, por exemplo, bebidas à base de soja, leite fermentado e tinturas para cabelos. "São produtos que agregam valores como praticidade, saúde e sofisticação", explica. Segundo ela, "os mercados mais maduros passaram a comprar marcas de referência ou de um segmento de maior valor".
Grupos - Do crescimento global de 0,4% apurado no volume de vendas, a maior parte (2,5%) foi proveniente do segmento de higiene, saúde e beleza. Logo depois vem o de bebidas não alcoólicas (1,3%), seguido pelos de limpeza caseira e mercearia doce, com incremento de 0,2% cada um. Foram apuradas quedas nos segmentos de perecíveis (0,8%), mercearia salgada (0,5%) e bebidas alcoólicas (0,1%). Já o grupo formado por itens diversos como cigarro, alimentos para cães e gatos, pilha seca e cola sofreu uma redução de 0,6%.
Na área formada por Minas, Espírito Santo e interior do Rio de Janeiro, com incremento de 0,5%, houve aumento no volume comercializado nos segmentos de mercearia doce (1,4%), higiene, saúde e beleza (1,4%), bebidas alcoólicas (0,5%), perecíveis (0,4%); bebidas não alcoólicas (0,4%); e o grupo formado pelos itens diversos (0,2%). Foi percebida queda no volume de vendas de limpeza caseira (1,1%) e mercearia salgada (0,5%).
A área do país que mais cresceu em volume de vendas (3%) é a da Grande Rio (RJ), seguida pela região Sul do país (2,9%) e pelo grupo formado por Estados do Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Sergipe), com 2,1% . Logo depois vem o grupo constituído por Brasília, Mato Grosso do Sul e Goiás (2%), enquanto as maiores quedas foram apuradas no interior de São Paulo (4,1%) e Grande São Paulo (1,5%). Entre os motivos, Arlete Corrêa acredita que seja o fato de que a pesquisa não abrange os estabelecimentos atacadistas que vendem para o varejo - que são objeto de outro estudo da Nielsen.
Veículo: Diário do Comércio - SP