Brasil deve manter fluxos de trocas comerciais com a China

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A China deve passar por uma mudança em sua política econômica nos próximos anos. Segundo especialistas consultados pelo DCI, o país asiático deve voltar sua atenção mais para dentro, mudando o modelo econômico de predominantemente exportador para colocar um foco maior no mercado interno. Para o Brasil, que tem a nação como principal parceiro comercial, no curto prazo não deve mudar muita coisa mas o País precisa investir em exportações com maior valor agregado se quiser pensar no futuro.

Segundo o professor da ESPM, Leonardo Trevisan, o novo presidente chinês, Xi Jinping, tem um perfil um pouco diferente da liderança anterior, especialmente em relação à economia e por isso vai voltar a dar importância à produção industrial chinesa de alta tecnologia. No último ano, a corrente de comércio entre os dois países alcançou US$ 74, 4 bilhões com superávit de US$ 6,9 bilhões para o Brasil.

Além disso, Trevisan coloca que "a China é o nosso grande freguês de commodities e isso não deve mudar muito, o investimento estrangeiro da China em 2012 caiu 3,7%, porém, o investimento de serviços na China subiu 4,2%, esse é um sinal que interessa para a economia brasileira, o IED [Investimentos Estrangeiros Diretos] na China também está mudando de perfil, então, na verdade quem precisaria acompanhar essas mudanças é a economia brasileira. Não precisaríamos investir em avião e não em vender só minério de ferro, se nós continuarmos com uma mesma visão sobre o mercado chinês, não vamos perceber que a economia chinesa mudou".

Na opinião do presidente da Câmara Brasil - China (CCIBC), Charles Tang, é importante ressaltar que essas mudanças serão para melhor, "é não concentrar mais o modelo de dependência da exportação e estimular mais o consumo interno", disse. Ele projeta que "a China vai continuar sendo o maior parceiro comercial do Brasil, vai continuar sendo o maior parceiro de investimento e vai crescer 8,5% esse ano".

A empresa chinesa de empilhadeiras e autopeças ZenShin, que opera no Brasil desde 2004, não pretende mudar sua estratégia no País por causa dos novos rumos da economia chinesa. Segundo a gerente comercial da companhia, Hsieh Lin Chen, "houve mudança na condução do governo, mas não afetou basicamente em nada a operação Brasil, é um produto que falta no País. Esse tipo de produto sempre teve uma grande venda no território da China, a exportação é uma pequena parte do negócio e inclui o Brasil", completou.

Mudanças no Brasil

O presidente da Câmara chama a atenção para o fato de que o Brasil afastou alguns investidores chineses. "A proibição de compra de terras de estrangeiros afastou muitos empregos e investimentos que poderiam ser nossos para os nossos vizinhos na América Latina", disse.

Segundo ele, "a exportação brasileira para a China ainda tem muito a ser explorada, a Embraer exporta muito para China e em geral é difícil exportar de um país com um dos maiores custos do mundo, para um com os menores. Nós temos que fortalecer a indústria nacional para poder sermos mais competitivos e para baixar os custo nacionais", disse. "A gente exporta o artista em vez do espetáculo, a gente exporta nossos jogadores, mas não nossos times", completou.

Sobre os investimentos chineses no Brasil, o presidente acredita que o País deve melhorar o ambiente para o investidor estrangeiro. "Em função do pacote de estímulo, os investimentos devem dobrar, principalmente os chineses. Acredito que em 2013 devemos alcançar de US$ 20 bilhões a US$ 25 bilhões de investimentos devido às concessões de infraestrutura". Para a corrente de comércio, Tang espera um montante de US$ 90 bilhões.


Veículo: DCI


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