Prévia da inflação de março ficou em 0,49%, mas o resultado acumulado em 12 meses chegou a 6,43%, encostando no teto da meta, de 6,5%
A prévia da inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), registrou alta de 0,49% em março, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Embora a gasolina tenha pesado mais no bolso do consumidor, houve desaceleração no ritmo de aumento de preços em seis dos nove grupos pesquisados. A maior pressão veio de alimentação e bebidas, enquanto os gastos com educação deram trégua após os reajustes das mensalidades em fevereiro.
A taxa acumulada em 12 meses (6,43%) aproximou-se do teto da meta estipulada pelo governo, e analistas preveem que estoure os 6,5% no resultado fechado de março. No entanto, o IPCA-15 do mês, um pouco abaixo do esperado, torna mais provável que o Banco Central só comece a subir a taxa de juros na reunião de maio, em vez de abril, avaliou Alexandre Schwartsman, sócio da Schwartsman & Associados e ex-diretor do BC. "O Banco Central errou feio na política monetária e agora está tendo que corrigir", disse. "Não tão depressa que pareça covardia, nem tão devagar que pareça provocação."
Em março, a gasolina foi o item que mais pressionou o IPCA-15. O combustível subiu 2,34%. Em dois meses, a gasolina aumentou 4,35%, como resultado do reajuste de 6,60% no preço nas distribuidoras.
As passagens aéreas ficaram 16,41% mais baratas em março, o que levou a uma desaceleração no ritmo de aumento dos gastos com transportes.
O impacto dos reajustes de mensalidades escolares caiu, o que contribuiu para frear a inflação. Mas as despesas com alimentação e bebidas subiram 1,40%, o equivalente a quase 70% do IPCA-15.
A Tendências Consultoria refez a sua projeção para o IPCA fechado de março, de 0,37% para 0,47%, por causa dos aumentos nos produtos alimentícios. "Os preços de alimentação devem mostrar uma maior resiliência do que a projeção inicial apontava, com os primeiros impactos da desoneração da cesta básica sendo compensados principalmente pela alta de cereais, frutas e alimentação fora do domicílio", previram as economistas Alessandra Ribeiro e Adriana Molinari, da Tendências.
"Os dados continuam ruins", disse Camila Monteiro, economista do Bank of New York Mellon ARX Investimentos. O índice de difusão, que aponta o porcentual de itens com aumento de preços, subiu de 71% em fevereiro para 74,2% em março, o que mostra uma inflação muito disseminada. "Foi uma surpresa muito concentrada em um item: passagem aérea, que teve queda de 16,4%. Mas o dado continua muito ruim", disse
Veículo: O Estado de S.Paulo