O consumidor paulistano demonstra um pequeno aumento na disposição para consumir e pretende comprar um pouco mais no segundo trimestre deste ano em comparação com o período imediatamente anterior. É o que mostra a pesquisa realizada pelo Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA). O estudo, elaborado em parceria com a Felisoni Consultores Associados, indicam que 59,2% dos paulistanos têm intenção de adquirir um bem durável entre abril e junho, o que indica crescimento de 2,4 pontos percentuais ante aos três primeiros meses, quando a intenção ficou em 56,8%. No segundo trimestre de 2012, o índice atingiu os 58%.
Apesar de o resultado positivo no índice do varejo, apenas três categorias registraram aumento na intenção de compra, o que indica que as recentes altas da inflação fizeram com que os consumidores assumissem uma postura de cautela. As informações do estudo indicam, na opinião dos economistas da entidade, que o modelo de estímulo da economia através do consumo está começando a dar sinais de que está se esgotando, já que uma grande parte da população teve seu poder aquisitivo corroído pelas recentes altas de preços, especialmente de alimentos e outros produtos básicos.
Para Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Conselho do Provar/FIA, as datas comemorativas do segundo trimestre (Dia das Mães e Dia dos Namorados) serão as responsáveis pelo desempenho positivo no período. Na sua avaliação, fatores como a já citada alta da inflação, os níveis de inadimplência dos consumidores em alta, com expectativa de situar-se em 7,87% em junho, e a consequente redução do poder aquisitivo dos salários são elementos que permitem questionar o modelo de expansão da economia pelo estímulo ao consumo e que já é momento de intensificar as medidas que valorizem a produção e o aumento da competitividade do setor produtivo brasileiro como um todo. Para ele, é preciso flexibilizar a taxa de juros para combater a inflação e criar condições mais favoráveis ao crescimento da economia como um todo.
"O Dia das Mães tem um peso muito forte nas vendas, afinal é a segunda data mais importante do varejo nacional. Porém, em relação ao mesmo período do ano passado, o índice se mantém estável, o que indica que os consumidores estão muito cuidadosos em relação à decisão de compra, por conta da inflação, mesmo com estímulo ao crédito", analisou Felisoni. E acrescentou que o varejista precisará adotar estratégias especiais para conquistar os clientes.
As três categorias apresentaram alta na intenção de compra ante o segundo trimestre de 2012: móveis (81,8%), eletroeletrônicos (25%) e eletroportáteis (8,3%). Todos os demais grupos analisados pelo estudo registraram quedas que oscilaram de 4,4% a 32,1%. O destaque mais expressivo ficou com a intenção de compra no comércio eletrônico, que caiu 7,4 pontos percentuais sobre o primeiro trimestre para o total de 76,5%. Este foi o menor índice registrado desde 2007.
Nuno Martins Dias, coordenador de Pesquisas do Provar, explicou que os consumidores estão mais seletivos, pesquisam os preços dos itens que desejam adquirir porque a disponibilidade de renda está menor em consequência da alta da inflação. O estudo indicou que 10% do orçamento das famílias será destinado ao consumo entre abril e junho. Em igual período de 2012, o percentual era de 11,4%.
Na web – No caso do comércio eletrônico, Pedro Guasti, diretor geral do e-bit, parceira do Provar/Fia na realização da pesquisa, lembrou que o consumidor da internet é um público bem-informado, com renda mensal superior a R$ 4 mil e, portanto, mais consciente dos rumos da economia nacional. Para ele, a queda na intenção de venda, de 83,9% no primeiro trimestre para 76,5% no segundo trimestre é consequência deste conhecimento da alta da inflação.
Veículo: Diário do Comércio - SP