O grande desafio para as vendas aos asiáticos ainda é vencer barreiras não tarifárias a produtos como alimentos, notam empresários do setor. O setor de carnes viu fechar-se o mercado recém-aberto na China, com um caso isolado, no ano passado, de contaminação de uma rês com a doença da vaca louca, por exemplo. Mesmo com as barreiras, porém, as vendas de carne brasileira de bovino à Ásia aumentaram 122%, principalmente para Hong Kong, e as de frango, 2%, segundo levantou a Fundação Estudos de Comércio Exterior (Funcex).
"Em dois dos maiores exportadores da região, estamos fora dos mercados por protecionismo", lamenta o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes, Fernando Sampaio, que acusa coreanos e japoneses de manter barreiras não previstas nas normas internacionais por causa de casos de febre aftosa no Brasil.
Exportadores de carne entusiasmam-se com o mercado asiático, baseados nas previsões de que a Ásia será o maior consumidor de proteínas nos próximos 50 anos, com 56% do consumo total de 60 milhões de toneladas no mundo, a partir de 2020.
Sampaio acredita que, "em algum momento", o Brasil terá de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as barreiras comerciais impostas pelo Japão, por Taiwan e pela Coreia do Sul. Por enquanto, porém, a demanda em locais como Hong Kong tem favorecido as exportações a ponto de fazer com que a Ásia superasse a Rússia como principal comprador no ano passado. O setor também aumentou, neste ano, em 25% as vendas aos asiáticos de couro e pele preparadas, que já são o décimo item na pauta de exportação ao Oriente.
Até setores sem estratégias especiais para a Ásia registram bom desempenho, como o de café, que aumentou em 15% as vendas à região neste ano. "Temos laços comerciais tradicionais com Japão e Coreia, os mercados de destaque", diz o diretor do Conselho Exportador de Café do Brasil, Guilherme Braga, que nota aumento ainda tímido em compras em países como a Malásia.
O que anima o governo, porém, é o forte aumento nas vendas ainda modestas de bens industriais como laminados de aço (86%, para US$ 105 milhões), compressores de refrigeração (66%, para US$ 35 milhões) e máquinas para uso geral (58%, para 23 milhões), que apontam nichos de mercado, mesmo para as cada vez menos competitivas exportações brasileiras.
Veículo: Valor Econômico