"O Brasil não está estruturado nem planejado para crescer 5% ou 6%" afirmou o diretor da RC Consultores, Paulo Rabello de Castro. Segundo ele a falta de planejamento e o alto gasto governamental são os principais fatores que impedem o incremento do Produto Interno Bruto (PIB).
Em entrevista ao DCI, após participar do Seminário Desafios Empresariais no Cenário Econômico Brasileiro, Castro disse que "todos nós gostaríamos de estar investindo mais, não temos ainda a organização econômica que favoreça esse processo. O que o governo não consegue implementar é a organização do País para o crescimento e cito duas coisas, a primeira coisa é que ele não planeja", completou.
A falta de planejamento, segundo ele, cria uma falta de compromisso e de conceituação sobre o que é necessário fazer para se chegar em um meta.
O segundo ponto que impede é o alto gasto governamental, que cria a necessidade de maior tributação. " Na medida em que o governo gasta demais e gasta acima do crescimento anual, como ele tem feito nos últimos doze anos, ele tem que sair correndo tributando , a menos que ele quisesse fazer um déficit monumental", disse o especialista.
Ele explicou ainda que "o investimento brasileiro está na faixa de 18% do Produto Interno Bruto (PIB) e que isso não é suficiente para gerar capital, gerar infraestrutura, gerar máquinas e equipamentos novos para crescer, essa taxa de investimentos devia migrar para algo no nível de 25%", projetou.
O especialista afirmou que sua empresa prevê que o PIB deve crescer 2,7% neste ano. "Isso não quer dizer que eu sou pessimista, sei que há economistas conceituados que projetam 4%, mas isso ia ser um susto, pois nosso modelo não está programado, estruturado e planejado para oferecer esse crescimento", explicou.
Crise
Para Rabello, o governo brasileiro tem apresentado o País como mais uma vítima da crise econômica mundial para justificar as dificuldades internas. "O Brasil tem sido um sócio importante da crise. Se a gente partir da premissa que o País também está sofrendo com a crise vamos esperar que a crise termine, eu não sei se o Brasil devia torcer para a crise terminar tão rápido assim", disse.
Segundo ele, uma das vantagens é que o preço das commodities tem sofrido um aumento que é favorável ao País, "Os preços já vinham aumentando antes da crise e depois, o remédio da crise, simplesmente ampliou as características de preço insuflado, o que para nós é uma maravilha, nos fez ricos sem a gente perceber", completou.
As dificuldades da balança comercial brasileira, que acumula um saldo negativo de US$ 5 bilhões até maio, não podem ser explicados por uma queda recente das commodities na opinião de Rabello. "Embora tenha havido um ligeiro recuo do índice médio dos preços internacionais de commodities, da ordem de 5% a 7% ele explica parcialmente essa perda na balança comercial. O principal motivador dos dados é o aumento do nível de consumo que resulta em mais importação.
Veículo: DCI