A inflação alta e o crescimento pouco exuberante não abalam a percepção do brasileiro de que a economia vai bem e continuará a melhorar. Segundo pesquisa divulgada ontem pelo Pew Research Center com informações sobre 39 países, 59% dos brasileiros dizem que a situação econômica do país é boa e 79% acreditam que ela ficará ainda melhor nos próximos 12 meses. A avaliação sobre a situação econômica pessoal é ainda mais positiva - 74% afirmam que ela vai bem e 88% apostam que ficará melhor nos próximos 12 meses, o percentual mais alto entre todos os países pesquisados.
"O desempenho das economias emergentes como Brasil e China, que passaram pela crise de 2008, ajuda a explicar a avaliação positiva dos cidadão desses países sobre o estágio atual da economia e a confiança no futuro", diz o diretor associado do projeto de atitudes globais do Pew, Richard Wike. Na China, 80% dos entrevistados acredita que a situação econômica vai melhorar nos próximos 12 meses.
Os brasileiros e chineses também são confiantes no futuro quando questionados a comparar a vida dos filhos com a dos pais. No Brasil, 79% dos entrevistados acreditam que ela será melhor, muito próximo aos 82% da China.
O quadro contrasta com os países avançados, especialmente na Europa - 90% dos franceses veem um futuro pior para os seus filhos. Nos EUA, 62% dizem que os filhos terão uma vida pior que os pais.
Ao apontar o principal problema que o governo deve enfrentar, 46% dos brasileiros ouvidos na pesquisa apontaram a falta de oportunidades de emprego, ainda que a taxa de desocupação esteja hoje nas mínimas históricas. É uma fatia bem superior aos 24% que pedem mais atenção aos preços em alta, mesmo num cenário em que a inflação segue perto do teto da meta, de 6,5%.
Apesar da redução da desigualdade de renda apontada por indicadores socioeconômicos nos últimos anos, 75% dos entrevistados no Brasil dizem que esse ainda é um grande problema, com 50% dizendo que a distância entre ricos e pobres tem aumentado.
A pesquisa do instituto, que entrevistou mais de 37,6 mil pessoas em 39 países, mostra que a maior parte da população dos emergentes considera boa a situação da economia de seus países, ao passo que a avaliação é muito negativa entre a maioria dos cidadãos de países avançados e moderadamente negativa nos países em desenvolvimento (um grupo que inclui nações como Paquistão, Egito, Gana, Bolívia, Filipinas).
Na Grécia, 1% dos entrevistados dizem que a economia vai bem. Na Itália, são 3%. Entre as economias avançadas, porém, há populações que veem como favorável a situação econômica atual. Na Alemanha, essa parcela bate em 75%. Nos EUA, só um terço dos entrevistados vê a economia bem.
Veículo: Valor Econômico