Depois de atingir picos no primeiro trimestre, a inflação começou a desacelerar e tende a continuar a cair nos próximos meses, disse ontem o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, ele assegurou que os preços estão sob controle e que não há risco de o índice oficial fechar o ano acima do teto da meta, de 6,5%.
De acordo com Tombini, o principal fator que manteve a inflação elevada no início de 2013 foi o choque nos preços dos alimentos, que dependem de fatores externos, não ligados à política monetária. Segundo ele, o início do ciclo de aumento da taxa básica de juros (Selic) e o alívio nas pressões dos preços de determinados alimentos impedirão que a inflação fuja do controle.
"O Banco Central tem se esforçado para colocar inflação em declínio a partir do segundo trimestre. Nos próximos três meses, inflação será menor que no começo do ano. No início do segundo semestre, a inflação acumulada em 12 meses começará a ficar abaixo do teto da meta", declarou.
Além do aumento dos juros, Tombini ressaltou que continuará a fazer declarações à imprensa e ao mercado para reforçar o compromisso da autoridade monetária com o controle da inflação. "A comunicação é parte importante na consecução da política monetária. As informações repassadas pelo Banco Central contribuem para as decisões dos agentes econômicos", declarou.
Para Tombini, o novo ciclo de aumento na taxa Selic não interferirá no crescimento da economia em 2013. "O que o Banco Central está fazendo é compatível com a recuperação gradual da economia. O combate à inflação fortalece a confiança na economia, ao mesmo tempo em que protege a renda do trabalhador", destacou. Ele manteve a projeção de que o Produto Interno Bruto (PIB), soma de tudo o que o país produz, crescerá 3,1% neste ano.
De acordo com Tombini, estas projeções indicam sustentabilidade no processo de recuperação da produção brasileira. Ele destacou, em audiência na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, o crescimento da produção industrial nos últimos meses e que deve ir na mesma direção no segundo trimestre de 2013.
Ele negou ainda que o Banco Central esteja trabalhando para que a inflação fique próxima do teto da meta. Tombini reafirmou que a autoridade monetária mira o centro da meta de inflação, que é de 4,5% com tolerância de dois pontos percentuais.
De acordo com o presidente do BC, o fato de a inflação ter fechado os últimos anos acima do centro da meta decorre de choques nos preços de alimentos e commodities (bens primários com cotação no mercado internacional). "Não abandonamos o centro da meta. O Banco Central não persegue o teto. O objetivo é o centro da meta, mas o que existe é acomodação de choques", declarou.
Com relação ao câmbio, Tombini comentou que a taxa "se moveu" do começo de 2012 para cá e que não há indicações para onde vai. No entanto, na análise do presidente da instituição, o que interessa para competição é o câmbio real e não o nominal, que pode ser neutralizado pela inflação.
Veículo: DCI