Os bancos brasileiros estão com maior folga de recursos próprios segundo as regras de exigência de capital do acordo de Basileia 3. Em grande parte, isso aconteceu graças a mudanças de normas adotadas pelo Banco Central neste ano. Em março, o BC anunciou que passaria a exigir menos capital dos bancos para operações de crédito imobiliário, consignado e financiamento a grandes empresas.
Segundo dados do BC, os bancos do sistema financeiro encerraram o primeiro trimestre do ano com índice de Basileia de 17,07%. Sem as novas regras, ficariam em 16,43%. Na prática, isso significa que os bancos ganharam neste começo de ano mais espaço no balanço para emprestar.
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A recalibragem da exigência de capital se deve à constatação de que essas modalidades apresentam inadimplência mais baixa que a média. Diante do risco historicamente menor, o BC se sentiu confortável para reduzir o requerimento de recursos próprios dos bancos.
Os estudos do BC também levaram em conta as recomendações do Comitê de Basileia. Mesmo assim, nas três modalidades de crédito o padrão brasileiro ainda permaneceu mais conservador que a exigência de capital mínima permitida pelas regras do acordo.
Dos cinco maiores bancos do país, quatro encerraram março com índice de Basileia mais robusto que em dezembro: Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Santander e Caixa Econômica Federal. Só o Bradesco não apresentou esse comportamento, segundo o banco por causa do crescimento da parcela de risco de operações de mercado.
Dona da maior carteira de crédito imobiliário do país, com R$ 220,2 bilhões, a Caixa chegou a março com índice de Basileia de 14,2%, valor 1,2 ponto percentual maior que em dezembro. A Caixa ganhou uma folga de R$ 3,538 bilhões no patrimônio de referência exigido pelo BC de dezembro a março, mesmo período em que o estoque de crédito do banco cresceu 8,1%, para R$ 390,6 bilhões.
O Banco do Brasil, que tem o maior estoque de crédito consignado entre os bancos, além de um volume considerável de empréstimos a grandes empresas, ganhou 1,5 ponto percentual no índice de Basileia, que atingiu 16,3% no fim de março. O BB também emitiu dívidas contabilizadas como capital.
Veículo: Valor Econômico