Indústria e comércio usam índices de otimismo para guiar seus investimentos imediatos
O baixo otimismo registrado nos principais índices de confiança do país podem sinalizar problemas pela frente para o crescimento da economia brasileira, com impactos diretos nos níveis de produção da indústria, melhoria dos investimentos e uma maior contratação de mão de obra. A opinião é um consenso entre os analistas ouvidos pelo Brasil Econômico.
Os índices de confiança são levantamentos estatísticos que medem não só a percepção atual, mas sinalizam tendências econômicas. "Eles andam de mãos dadas com os níveis de atividade dos diversos setores.É um ciclo, reflexo da venda. Se a venda está indo bem, a confiança sobe. Se está indomal, ela cai", explica Fábio Bentes, economista da CNC. Segundo ele, esses índices são usados por empresários, governos e entidades de classe na análise de conjuntura e tomada de decisões.
Viviane Seda, economista da FGV, explica que em outros países os índices são mais utilizados do que no Brasil em modelos macroeconômicos para verificar tendências de curto e médio prazo. “Mas já existe uma certa difusão entre os economistas e formuladores de políticas sobre os índices de confiança, que vêm ganhando cada vez mais importância, sendo utilizados não só por pesquisadores, mas por profissionais que acompanham a macroeconomia em bancos, órgãos públicos e empresas. É uma forma de avaliar não só o próprio negócio, mas o setor como um todo", afirma.
Um apanhado dos principais índices mostra que a confiança anda em baixa.Coma inflação acelerando nos últimos meses, os brasileiros estão menos otimistas tanto em relação à situação atual, quanto com as perspectivas futuras.
Em abril, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) interrompeu uma sequência de seis quedas consecutivas ao manter-se estável em113,9 pontos em abril,mas permaneceu no menor nível desde março de 2010 (111,6 pontos).
Após avançar em janeiro (125,5, após 123,3 pontos em dezembro), o Índice de Confiança de Serviços (ICS), também da FGV, caiu2,7%,para 122,1pontos,o menor nível desde outubro (121,5). O ICS permaneceu recuando até abril, quando foi a 120,2 pontos.
Para Viviane Seda, o consumidor está bem cauteloso e preocupado com os rumos da economia. "A inflação é uma preocupação mais forte, tanto quanto a certeza de que os juros vão subir. Além disso, há uma incerteza no ar em relação ao mercado de trabalho, pela demora do aquecimento da economia", observa. "Tudo isso gera um ciclo de desconfiança. O setor de serviços vai no mesmo rumo".
Já o Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou em abril o décimo recuo consecutivo, registrando 126,5 pontos. Para Bentes,esses índices estão derretendo."A confiança do comércio vem caindo desde meados do ano passado.O índice de maio provavelmente não vai ser muito bom, pois as vendas do comércio estão desacelerando", prevê.
Em maio, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ficou praticamente estável, em55,5 pontos ante 55,4 pontos em abril. Marcelo de Ávila, economista da CNI, observa que, apesar da melhoria de abril para maio, a indústria continua com ociosidade. "Os estoques estão acima do planejado. Quando o empresário olha o presente, o sentimento não é bom", argumenta.
Veículo: Brasil Econômico