Reajustes nos transportes, planos de saúde e alimentos vão puxar a alta dos índices
Os alimentos - ainda eles -, ao lado do efeito produzido pelo aumento na tarifa de transporte público e do esperado reajuste nos planos de saúde a partir de junho estão no topo do ranking dos itens que mais podem pressionar a alta dos índices de inflação nos próximos meses.
"O Banco Central está atento ao controle de preços e o governo tem atuado para que o teto da meta (de 6,5%) não seja ultrapassada. Mas as pressões sobre os alimentos, por exemplo, não podem ser resolvidas com instrumentos de política monetária”, alerta Júlia Ximenes, analista econômica da FecomercioSP.
A decisão do governo de suspender a cobrança de dois impostos federais que incidem sobre as tarifas de transporte coletivo urbano em todo o país a partir do próximo mês segurou a alta prevista para o reajuste, que seria ainda maior, não fosse o benefício concedido.
Da mesma forma, espera-se que haja interferência governamental para conter a alta dos planos de saúde. “É possível que venha alguma medida de desoneração para o setor, ou poderemos ter que incorporar à inflação um aumento em torno de 7,3% somente para este item”, calcula Alessandra Ribeiro, analista da Tendências Consultoria.
No grupo dos alimentos, o feijão e os laticínios devem tomar o lugar de itens como o tomate ou a cebola - que registraram altíssimas variações de preços recentemente. “Além disso, é preciso considerar que, de maneira geral, os preços ao consumidor vão absorver de alguma maneira reajustes como o previsto para os transportes, num repasse dessa alta que será percebida pelo produtor e pelo comerciante”, diz Júlia Ximenes, da FecomercioSP.
A partir de setembro, segundo o governo, as expectativas de retração no movimento de alta da inflação são fortes. E os especialistas concordam que essas pressões que agora se destacam tendem a arrefecer ao longo dos próximos meses.
Mas, para 2014, tem mais. Em razão da Copa do Mundo ser realizada no Brasil, são esperados aumentos acima da média em passagens aéreas, alimentação fora do lar e hotéis. Justamente por isso, a Tendências,que trabalha como fechamentoem5,6% da inflação oficial brasileira (baseada no IPCA do IBGE) para 2013, calcula para o ano que vem um aumento de 5,8% na média do custo de vida nacional. “Já a partir do segundo semestre deste ano os preços dos serviços podem começar a pressionar a inflação e, com a Copa, esses itens devem encontrar espaço para novos aumentos”, diz Adriano Gomes, professor da ESPM.
Ao mesmo tempo, há uma expectativa positiva para 2014, segundo Alessandra Ribeiro,da Tendências, em relação às desonerações propostas pelo governo, que podem ganhar ainda mais força. “É ano eleitoral. Esperamos uma forte ação do governo nos impostos que incidem sobre os remédios, por exemplo”, diz.
Veículo: Brasil Econômico