Com menos renegociação de dívidas, inadimplência sobe

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Em 2007, inadimplência foi de 5,5%; em dezembro, pela 1ª vez desde 2003, registros no SCPC foram maiores que o volume de cancelamentos

 

Com o cenário econômico adverso devido à crise internacional, a taxa de inadimplência no comércio da capital paulista fechou o ano em 6,5%, contra 5,5% em 2007, segundo a ACSP (Associação Comercial de São Paulo). Depois do Plano Real, o patamar mais alto tinha sido registrado em 1998 (11,8%).

 

O principal impulso para esse aumento foi contabilizado no mês passado, quando pela primeira vez desde 2003 o número de novos registros em dezembro no SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) superou o de cancelamentos -que ocorre quando o consumidor quita ou renegocia suas dívidas. A taxa ficou em 3,6%.
Para Emílio Alfieri, economista da ACSP, a volta da inadimplência ao nível de 2002 (6,3%) é um alerta, mas já era esperada por causa da atual situação econômica. "Cai o número de cancelamentos de registros porque a renegociação dos débitos fica mais difícil."

 

Em dezembro, as vendas à vista subiram 5,1%, contra uma queda de 1,3% nas a prazo. Isso mostra, na opinião do economista, que os consumidores talvez já tenham começado a se precaver evitando contrair novas dívidas. No acumulado de 2008 os números são, respectivamente, 4,3% e 6,4%.

 

Segundo os últimos dados do Banco Central, em novembro a inadimplência ficou em 7,8% do total que deveria ser pago naquele mês, a maior do ano. Se o desemprego crescer neste trimestre, pode comprometer ainda mais a capacidade de pagamento dos trabalhadores. Também em novembro, último dado divulgado pelo Ministério do Trabalho, o mercado formal perdeu 40.821 vagas, primeira queda para o mês desde 2002.

 

"Vai haver um aumento da inadimplência, mas está longe de configurar um quadro aterrorizante, como ocorreu na segunda metade dos anos 90", comenta Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores. Um dos motivos é a expansão da massa salarial, que deve fechar 2009 com alta de 1,5% sobre 2008, de acordo com a projeção da RC. No confronto de 2008 com 2007, a previsão da consultoria é de alta de 7,5%.

 

Para o economista Francisco Pessoa, consultor da LCA, a inadimplência também não deve crescer de forma preocupante. Na sua opinião, mesmo sem a crise, o nível de
consumidores que não conseguem quitar seus débitos iria aumentar por causa dos juros altos e da expansão do crédito, pela concessão a consumidores com menor capacidade de pagamento.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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