Índice de maio foi baixo, mas novos reajustes e aumentos devem elevar os preços para a baixa renda em junho
A inflação das famílias de baixa renda medida pelo IPC-C1da Fundação Getúlio Vargas, que mede o impacto da movimentação de preços entre famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos, apresentou variação de apenas 0,18% em maio, abaixo dos 0,59%de abril.Porém, a boa notícia deve acabar em junho, quando se espera nova aceleração para um resultado próximo aos 0,41% do mesmomêsem2012.
“Em junho, teremos os efeitos dos reajustes de tarifas de transporte urbano no Rio de Janeiro e em São Paulo”, explica André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV/ IBRE). “Esse meio de transporte é o principal da baixa renda e onera quase6%do orçamento das famílias. Mas também deveremos ter alta dos preços das carnes de frango e bovina, açúcar e café, que já estão acelerando”, prevê.
De acordo como economista, a tendência de alta dos preços dos alimentos pode fazer o próximo IPC-C1 superar, inclusive, os 0,41% do ano passado.“Dificilmente teremos um índice em junho com variação média próxima de 0,18%. A tendência do índice de curto prazo é de acelerar”.
Segundo a FGV, o resultado também de maio foi menor do que o Índice de Preços ao Consumidor Brasil (IPC-BR), que mede a inflação para todas as faixas de renda e que fechou o mês em0,32%.
O recuo da inflação medida pelo IPC-C1 foi causado por taxas menores em cinco grupos de despesas, entre eles os alimentos, cuja taxa caiu de 0,98% em abril para 0,26% em maio. A queda do grupo alimentação foi puxada, principalmente, pelo item hortaliças e legumes, que passou de uma inflação de 5,78% em abril para uma deflação (queda de preços) de 1,2%.
“A alimentação pesa quase 30% para essa classe de renda. Um recuo dessa magnitude favorece a desaceleração do índice”. Para Braz, a desaceleração dos alimentos poderia ter sido mais forte, pois vários itens foram beneficiados coma desoneração da cesta básica.
Ainda segundo o economista, a redução foi conduzida basicamente pelos alimentos in natura, que registraram, nos primeiros meses de 2013, elevações atípicas movimentadas por problemas climáticos e redução de área plantada. “A partir de maio de 2013, com a entrada da nova safra, a oferta desses alimentos in natura aumentou, o que possibilitou o recuo da taxa do grupo alimentação”, observa.
Outros grupos que registraram queda no índice de inflação foram saúde e cuidados pessoais (que passou de 1,63% em abril para 0,74% em maio), habitação (de 0,34%para 0,29%) e despesas diversas (de 0,21% para 0,17%). O grupo transportes teve, em maio, uma queda de preços ainda mais acentuada do que em abril. A taxa de inflação passou de -0,06% para -1,02%no período.Em contrapartida, três grupos de despesa tiveram aumento da taxa entre abril e maio: comunicação (de -0,78% para -0,16%), educação, leitura e recreação (de -0,47% para 0,12%) e vestuário (de 0,83% para 0,87%). No ano, o indicador acumula alta de 2,70% e, em 12 meses, de 6,52%, na opinião do economista, um número alto.
Inflação cai em São Paulo
Na capital paulista, a inflação medida pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), fechou o mês de maio com taxa de 0,10%, favorecida pela queda dos preços dos alimentação.Na apuração anterior, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) havia registrado variação de 0,28%. O principal recuo nesta divulgação foi observado no grupo saúde, que passou de 1,31%, na terceira prévia do mês, para 0,94%. Outros quatro grupos apresentaram taxas menores em relação à última medição: alimentação (de 0,20% para -0,28%), transportes (de 0,28 % para 0,04%), habitação ( de 0,25% para -0,01%) e educação (de 0,18% para 0,03%).
Apenas duas classes de despesas tiveram acréscimo. O grupo despesas pessoais (de -0,12% para 0,30%) e o grupo vestuário (de 0,19% para 0,88%).
O índice registra altas de 1,57% no acumulado do ano e de 5,11% no acumulado de 12meses encerrados em maio. O índice é o mais tradicional indicador da evolução do custo de vida das famílias paulistanas e um dos mais antigos do Brasil: começou a ser calculado em 1939.
Veículo: Brasil Econômico