País enfrenta desafio de produtividade

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Somente a inovação será capaz de reverter o quadro de estagnação da economia brasileira, cuja produtividade hoje é a mesma de 1980, alertou o presidente da Agência Brasileira da Inovação (Finep) 7 Glauco Arbix, na abertura do Fórum Estadão Investimentos em Inovação para a Competitividade, na terça-feira. em São Paulo. Nesse mesmo período, a produtividade da economia dos países asiáticos triplicou, comparou .Arbix, citando dados do Banco Mundial. "Ou nós revertemos essa situacão ou vamos crescer aos soluços", ressaltou o presidente da finep, Ele acrescentou que as empresas que não inovarem vão morrer ou encolher,

Arbix dis se também que o Brasil ficou muito tempo prisioneiro de uma discussão macroeconomica sobre inflação, juros e câmbio. "São variáveis extrema: mente importantes e necessárias para o País, mas é sempre bom lembrar que, se não houver a entrada em cena do personagem inovação e tecnologia para alterar o padrão de produtividade das empresas brasileiras, nós não teremós saída."

O presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto, observou que "as amarras que dificultam a vida do setor produtivo, traduzidas no chamado custo Brasil, também são entraves à inovação”. Ele defendeu que haja um esforço para soltar essas amarras e aproximar governo, empresa e universidade.

O mercado de. inovação no Brasil não é pequeno, disse o diretor de Inovação da Finep, João De Migri. O problema é que ele ainda não dispõe de instrumentos públicos adequados de financiamento. Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o investimento das empresas em inovação gira em torno de R$ 45 bilhões a R$ 50 bilhões. “Menos de 10% desses recursos são financiados pelo setor público"

Embora essa participação, que estava em 5%, tenha aumentado um pouco no período recente, De Nigri afirma que ainda é muito baixa a atuação do setor público em fornecer crédito de longo prazo em taxas condizentes com aquilo que as empresas precisam para inovar. . uNos países desenvolvidos, o setor público finand&aoo% dos investimentos em inovação, com taxas muito competitivas e adequadas”, argumentou o diretor da Finep.    .

O presidente do laboratório farmacêutico Cristália, Ogari Pacheco, contou que, investindo "no que não era fácil fazer”.

sua empresa chegou à liderança nos mercados de medicamentos hospitalares e de antirretróvirais no Brasil e nos de anestésícos e analgésicos na América Latina, “A grande inovação da indústria farmacêutica nacional era comercial”, lembra Pacheco, “Ela criou o que chamamos de atitude comercial agressiva, um eufemismo para o lançamento das vendas bonificádas e da empurroterapia”, ressalta.

A empurroterapia era uma prática antiga no Brasil que consistia em vendedores oferecerem medicamentos similares, ou seja, que contém um ou mais princípios ativos iguais ao do medicamento de referência, no lugar dos remédios de marca, para ganhar comissão dos seus fabricantes. A questão é que era muito mais fácil para os laboratórios brasileiros copiar o remédio pronto das multinacionais do que fazer investimento e desenvolver produtos novos.

No entanto, as multinacioais tinham produto s que só for: neciam para as suas subsidiá-| rias aqui, e que permaneciam com preços elevados. “Poucas empresas sacaram que, se fosse ; possível fabricar um princípio ativo não disponível no merca! do e lançar o produto aqui, o ; mercado seria de apenas dois da subsidiária e de quem consegiusse fazer. E foi assim que fizemos”, afirmou Pacheco.

O presidente do grupo Ourofíno, Bolivar Caraucci Neto, contou que, desde que foi criada, a empresa enfrenta o desa-; fio da inovação. Ela atua no seg-1 mento de saúde animal, origi-: nalmente dominado por grandes corporações internado: nais. “Por. uma questão de so-! brevívência, fomos buscar o caminho da inovação e da compe-; titividade do nosso negocio”, diz o empresário. “A primeira I questão envolvida nesse proces-I so foi desmistificar a inovação.”

Para ele, a inovação tem de estar diretamente envolvida nos processos da empresa. “É : mais um departamento no nosso negocio, como uma auditoria ou uma controladoria.”



Veículo: O Estado de S. Paulo


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