Mesmo com queda nas tarifas de transporte público, previsão é que índice de preços tenha alta de 6%
Instituições financeiras já elevam sua projeção para a taxa básica para até 9,5% neste ano; ela está hoje em 8%
O Banco Central elevou ontem suas projeções para o aumento dos preços no país, mas reafirmou seu compromisso com uma inflação mais baixa neste ano e no próximo, o que alimentou apostas, entre economistas, em uma elevação maior da taxa básica de juros (Selic).
A piora das projeções para a inflação, incluídas em relatório divulgado ontem, ocorreu a despeito de a queda recente das tarifas de transporte público ter sido levada em consideração nos cálculos.
As previsões são feitas considerando dois cenários possíveis: um com taxas de juros e câmbio constantes --neste caso, em 8% e R$ 2,10, respectivamente-- e outro que leva em conta as projeções do mercado para essas variáveis.
Essas projeções indicaram que a inflação deve ficar entre 5,8% e 6% neste ano e entre 5,2% e 5,4% no seguinte.
Isso revela que será difícil cumprir a promessa que o presidente do BC, Alexandre Tombini, fez recentemente de entregar a inflação de 2013 abaixo da registrada no ano passado (5,84%) e a de 2014 abaixo de 5%.
Apesar disso, o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton, reafirmou ontem o cenário traçado por Tombini.
Hamilton destacou que o BC voltou a subir os juros em abril e disse que "o ano ainda não acabou", indicando novas elevações da taxa.
Nos últimos dois meses, a Selic foi elevada duas vezes, passando de 7,25% para 8% ao ano. Segundo dados divulgados na segunda-feira pelo BC, o mercado espera em média mais duas altas neste ano, levando a taxa a 9%.
Ontem, porém, aumentaram as apostas de juros mais altos entre algumas instituições. A corretora Nomura elevou sua projeção de 9,25% para 9,5%. O Banco Fator divulgou que 9,5% é o piso das suas expectativas. O Itaú disse que o ciclo de elevação dos juros pode ser mais longo, mas não deu números.
TARIFAS
O BC decidiu incluir as quedas nos preços das tarifas de transporte público nas suas projeções de inflação, apesar de as reduções terem saído depois da data de corte (7 de junho) estabelecida para os cálculos do relatório.
A inclusão de fatores posteriores à data de corte não é usual. Com a inclusão dessas informações, o BC foi capaz de divulgar projeções menores para a alta dos preços. Carlos Hamilton disse que sua equipe "fez um esforço extra" para acrescentar esses fatores porque julgou a inclusão "oportuna".
Já a valorização mais acentuada do dólar após 7 de junho --que teria impacto no sentido de elevar a projeção de inflação-- não foi incorporada aos cálculos do BC
No relatório divulgado ontem, o BC também reduziu sua projeção para o crescimento do PIB em 2013, de 3,1% para 2,7%. O mercado prevê alta de 2,46%.
Veículo: Folha de S.Paulo