Vendas no varejo entram em fase de estagnação

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Juros em alta e menos confiança do consumidor explicam os resultados vacilantes do comércio varejista, neste ano e em maio, novamente, quando o volume de vendas não cresceu na comparação com abril, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE. Outro indicador do varejo, divulgado quarta-feira pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mostrou que o crescimento das vendas a prazo, em junho, superou em apenas 0,67% o de junho de 2012 e foi o pior em 18 meses. A possibilidade de recuperação é uma incógnita.

Não há, de fato, declínio das vendas em relação a 2012, ou seja, não se caracteriza uma fase recessiva, e sim de estagnação de vendas.

Entre maio de 2012 e maio de 2013, o volume de vendas ainda cresceu 4,5% e a receita nominal, 13,4%; no acumulado deste ano, em relação a 2012, houve altas, respectivamente, de 3,3% e 11,6%; e, comparando os últimos 12 meses, até maio, com os 12 meses anteriores, houve acréscimos de 6,1% e de 12,1%.

Aparentemente, são indicações satisfatórias, mas se referem ao passado. Os últimos dados são ruins por vários motivos.

Primeiro, dos oito itens pesquisados pelo IBGE, apenas três registraram alta. O varejo dependeu mais, em maio, do item híper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, cujas vendas cresceram 1,9% em relação a abril e cujo peso é de 28,9% no indicador total.

Segundo, na medida da queda da temperatura, o consumo nos supermercados tende a aumentar, o que foi facilitado por alguma desaceleração no ritmo de alta dos preços dos produtos alimentares.

Terceiro, os consumidores parecem mais receosos em contrair endividamento, o que impõe limites à demanda. O presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, acredita que há uma combinação de autocontrole do consumidor com restrição do crédito oferecido pelos bancos. Ou seja, os consumidores estão preferindo quitar dívidas (o que é bom para as famílias, mas ruim para a atividade econômica).

No primeiro quadrimestre deste ano, o comportamento do varejo dependeu muito da demanda por veículos em detrimento de outros itens. Veículos fazem parte do chamado varejo ampliado, junto de material de construção, cujas vendas caíram 1,9% em relação a abril.

Aperto monetário e perda de poder aquisitivo continuarão limitando a retomada forte das vendas.



Veículo: O Estado de S. Paulo


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