Com a previsão de ingresso de safra nova no Brasil e no Paraguai apenas na segunda quinzena do mês de agosto e com os estoques públicos se esvaindo no leilão da quinta-feira passada, a firmeza das cotações nas regiões produtoras de trigo deve persistir nas próximas semanas, podendo apenas ser atenuada por uma eventual manutenção das retrações apresentadas nas cotações internacionais.
"O quadro de dificuldade de abastecimento para o final da atual temporada já não é mais novidade", destacou o analista de Safras & Mercado Elcio Bento. Por isso, o momento é de se analisar os números que darão o norte para a formação de preços no próximo ciclo comercial.
Segundo a Emater/RS, a cultura evoluiu de forma satisfatória em termos de área plantada durante o último período, se aproximando de sua conclusão. Como média estadual, o percentual chega a 86% do total estimado, sendo que regiões importantes produtoras, como Missões e Fronteira Noroeste, já finalizaram.
As lavouras apresentam boa emergência, desenvolvimento satisfatório, aspecto sanitário excelente e coloração verde intensa. O arranque inicial da cultura, segundo técnicos e produtores, é muito bom, comparado com anos anteriores, destacando a formação uniforme das lavouras.
Os triticultores aproveitaram os dias ensolarados para lançarem as últimas sementes ao solo, aumentando a densidade de semente para compensar futuros problemas de menor perfilhamento das plantas. Também se intensifica a aplicação de nitrogênio em cobertura e o controle de ervas. A expectativa de produtividade é muito boa até o momento. Em termos de comercialização, a saca teve pequeno aumento (0,88%) na sua cotação, quando negociada pelo produtor, chegando a um preço médio de R$ 31,04.
Estoques - A quinta-feira teve como principal destaque a realização do leilão dos estoques públicos remanescentes nos armazéns credenciados da Conab. Das 106.963,653 toneladas foram demandadas 101.933,653 toneladas.
No Paraná, das 40.621,317 toneladas ofertadas não houve demanda apenas para 4.880 toneladas localizadas na região de Realeza (R$ 853/toneladas) e 150 toneladas na de Dois Vizinhos (R$ 870/toneladas). Essas serão leiloadas na próxima quinta-feira. Para os demais, a disputa foi acirrada, com os lotes localizados na região de Ponta Grossa, negociados acima de R$ 910,00/tonelada. O preço máximo foi de R$ 916,50/toneladas e o mínimo de R$ 850,00/tonelada).
No Rio Grande do Sul as 60.342,336 toneladas foram demandadas integralmente, com os preços oscilando entre R$ 788,00/tonelada R$ 827,00/tonelada. Finalizados os estoques públicos, os negócios com trigo nas regiões produtoras tendem a continuar escassos e com preços inflados. O dólar valorização em relação ao real e as dificuldades logísticas seguem sendo fatores que vem anulando o reflexo da queda internacional sobre o mercado doméstico.
Veículo: Diário do Comércio - MG