Pior semestre varejista nos últimos 8 anos

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O comércio varejista fechou o primeiro semestre com crescimento de 3% sobre o mesmo período do ano passado, o pior resultado dos últimos oito anos, segundo dados divulgados na quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para a coordenadora de Serviços e Comércio do instituto, Aleciana Gusmão, a inflação teve um papel importante na desaceleração do ritmo de expansão das vendas no varejo. Com a alta nos preços dos alimentos, explica, o consumidor alterou seus hábitos, optando por produtos mais baratos ou, até mesmo, uma redução no volume de compras.

"Estamos observando alta nos preços dos alimentos desde 2012, mas, antes, a renda e o emprego aumentavam em um ritmo superior ao deste ano. Agora, as famílias estão incorporando esse aumento de preços e se adaptando a um novo patamar de consumo", disse.

O impacto fica claro quando se observa o comportamento das vendas no segmento de hipermercado e supermercado, que amargou queda de 0,8% em junho frente a junho do ano passado. Com esse resultado, o setor perdeu a liderança na composição do índice, caindo de primeiro lugar para a lanterninha.

Quem ocupou o topo do ranking em junho foi o segmento de combustíveis e lubrificantes, que contribuiu com 48% na formação do indicador de vendas no varejo. Além do aumento da frota, o setor tem se beneficiado do maior controle do governo sobre o preço dos combustíveis.

A economista-chefe da consultoria Rosenberg & Associados, Thaís Zara, também chamou a atenção para o faturamento dos supermercados que motivou o resultado decepcionante. A boa notícia, de acordo com ela, é que em julho as vendas do comércio deverão se beneficiar da inflação baixa do mês, de 0,03%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Mesmo assim, ressalta, a percepção é que o comércio varejista enfrenta dificuldades para engatar taxas mais elevadas de crescimento, refletindo a expansão moderada do crédito com recursos livres para pessoa física e a estabilização do mercado de trabalho, com pequena piora na margem.


Revisão - O desempenho abaixo do esperado de junho - o crescimento foi de 1,7% sobre junho de 2012, o pior resultado para o mês desde 2003 - e as estimativas negativas para julho levaram a LCA Consultoria a revisar para baixo o crescimento do volume de vendas do comércio varejista de 2013, de 5% para 3,5% após elevação de 8,4% em 2012. A previsão para 2014 também foi afetada, passando de 5,5% para 4%.

Além da inflação, a coordenadora do IBGE explica que também pesam sobre as vendas o maior endividamento das famílias e a menor oferta de crédito. "Se antes não havia restrição ao crédito, hoje há. Concessionárias de automóveis que não pediam entrada, agora pedem, devido ao aumento de juros. O crédito está mais restritivo, embora isso não tenha impactado os juros para o consumidor ainda", afirmou.

Aleciana lembrou ainda que o governo vem retirando os incentivos ao consumo, que ajudaram a impulsionar as vendas no ano passado, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos, móveis e eletrodomésticos.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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