Varejo de Fortaleza: Intenção de compra cai, mas confiança é maior

Leia em 4min 10s

Segundo levantamento do IPDC, 56,4% dos consumidores da Capital não devem ir às compras neste mês

Após apresentar uma queda de 5% em julho, quando atingiu o pior patamar dos últimos 13 meses, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de Fortaleza voltou a registrar um resultado positivo, tendo em vista que atingiu 130,3 pontos em agosto, uma alta de 2% na relação com o mês anterior. A retomada da confiança, porém, não deve representar necessariamente um aumento nas vendas do comércio da Capital, já que a taxa de intenção de compra caiu pelo terceiro mês consecutivo, atingindo apenas 43,6%. Assim, 56,4% dos consumidores não devem ir às compras neste mês.

71,6% dos entrevistados pelo IPDC afirmaram que não pretendem gastar mais de R$ 250 em compras em agosto Foto: Rodrigo Carvalho

As informações foram divulgadas ontem e fazem parte do levantamento mensal realizado pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC). Para o economista e diretor técnico do instituto, Alex Araújo, um dos principais fatores que impulsionaram a retomada da confiança foi a redução no endividamento dos fortalezenses. Conforme diz, a diminuição dos protestos em todo o Brasil também contribui para o resultado positivo.

"Em julho, os consumidores não tinham tanta clareza do ambiente econômico do País, por conta da onda de protestos. Isso sem falar que a inflação de Fortaleza obteve a maior média nacional, o que jogou a confiança para baixo. Neste mês, todavia, o cenário está um pouco diferente, o que acaba deixando o consumidor mais tranquilo e confiante", diz Alex Araújo.

Apesar de comemorar a alta no ICC, Alex Araújo classifica como "frustrante" e "preocupante" a nova queda na intenção de compra dos consumidores de Fortaleza. "Com a confiança melhorando, esperávamos que as vendas do varejo também seriam beneficiadas, o que não deve ocorrer. Preocupa porque isso está acontecendo em um momento delicado, pois geralmente, em agosto, é quando os comerciantes começam a definir os seus estoques para o fim do ano", conta.

Valor dos gastos

Além de não estarem muito dispostos a ir às compras neste mês, os consumidores da Capital também não devem desembolsar grandes valores na hora de fechar um negócio no varejo. Conforme dados do IPDC, 71,6% dos entrevistados afirmaram que não pretendem gastar mais que R$ 250 em agosto, enquanto somente 15,6% devem consumir mais de R$ 1 mil.

"O consumidor está reticente em comprar produtos de impacto, pois começa a reservar parte do orçamento para as compras de fim de ano", afirma Araújo.

O valor médio das compras é projetado em R$ 313,64, com maior disposição de gastos nos grupos do sexo masculino (R$ 321,77), com idade entre 18 e 24 anos (R$ 333,92) e renda familiar superior a dez salários mínimos (R$ 348,82).

Computador ganha espaço


Assim como costuma acontecer, em agosto vestuário e televisão despontaram como os itens mais desejados pelos consumidores de Fortaleza, tendo apresentado, respectivamente, 19,4% e 18,4% das intenções. Um item que surpreendeu ao apareceu na terceira colocação foi o computador, com índice de 12,5%. Conforme Araújo, o espaço conquistado pelos computadores se deve ao fato do aparelho possuir incentivo governamental para sua aquisição. Ele explica ainda que as fábricas do setor estão lançando seus produtos, o que barateia os preços dos demais.


Queda de 1,94% na inadimplência


Brasília A inadimplência no comércio, em julho, ficou concentrada nas dívidas com valores acima de R$ 500. O dado foi divulgado ontem, pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em um mapeamento que apresenta dados da inadimplência por gênero, idade e valor da dívida. Entram nesse cálculo da inadimplência pessoas que estão com contas em atraso há mais de 90 dias.

O SPC Brasil e a Câmara Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) divulgam, desde janeiro de 2013, informações segmentadas sobre o indicador mensal de inadimplência no comércio brasileiro, que no mês de julho apresentou a primeira queda no ano. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a retração foi de 1,94%.

A avaliação dessas duas entidades é que o resultado reflete o baixo índice de confiança do consumidor influenciado pela alta da inflação e pela retomada do encarecimento do crédito, que têm inibido o consumo no varejo. No acumulado de janeiro a julho, a inadimplência cresceu 5,20% em relação a igual período do ano passado.

A análise dos dados mostra que 48,97% da inadimplência em julho está concentrada em valores acima de R$ 500. Dívidas entre R$ 250 e R$ 500 representam 16,24% dos atrasos. Valores entre R$ 100 e R$ 250 refletiram 18,55% dos casos de inadimplência. Já as contas de até R$ 100 representaram 16,24% das contas em atraso. A pesquisa leva em consideração mais de 150 milhões de CPFs, em aproximadamente 1 milhão de pontos de vendas espalhados por todo o Brasil.

Faixa etária

Por idade, os dados revelam que a maior parte dos cadastros negativos concentra-se em CPFs de consumidores entre 30 e 39 anos de idade (23,30%) seguido de perto por aqueles que tem mais de 65 anos (22,28%).



Veículo: Diário do Nordeste


Veja também

Vendas no varejo crescem 0,5% em junho, informa IBGE

As vendas do comércio varejista restrito cresceram 0,5% no mês de junho em relação a maio, na...

Veja mais
BB liberou R$ 127,1 bi para a agropecuária

Setor deteve 19,9% do crédito total.São Paulo - Os desembolsos do Banco do Brasil para o segmento do agron...

Veja mais
Às vésperas de mudanças, valor de mercado da BRF é recorde

Às vésperas das mudanças em sua gestão, a BRF alcançou ontem seu maior valor de merca...

Veja mais
Baixa do milho prejudica a economia rural americana

O boom nos preços do milho que ajudou a impulsionar a economia rural americana está se extinguindo diante ...

Veja mais
Vendas "mesmas lojas" da BR Malls aumentam só 6%

A BR Malls, maior empresa de shopping centers do país, informou ontem que está otimista com os seus dados ...

Veja mais
Vendas do varejo crescem menos no Dia dos Pais

As vendas do comércio no fim de semana dos Dias dos Pais (9 a 11 de agosto) tiveram um aumento de 3,4% na compara...

Veja mais
Dia dos Pais foi o pior dos últimos três anos, apontam entidades

Conforme afirmado anteriormente pelo DCI, entidades projetaram que o Dia dos Pais de 2013 seria o pior dos último...

Veja mais
Vendas do Dia dos Pais têm menor crescimento desde 2009

As vendas da semana do Dia dos Pais (de 5 a 11 de agosto) tiveram o pior desempenho dos últimos três anos, ...

Veja mais
Sul e Sudeste se recuperam das perdas

A última atualização do Valor Bruto da Produção (VBP) para 2013 prevê crescimen...

Veja mais