Dólar em alta esfria intenção de consumo

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O dólar em alta e a perspectiva de aumento de juros ajudaram a esfriar a intenção de consumo do brasileiro em agosto, na análise do economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Bruno Fernandes. Ele fez a observação ao comentar o recuo de 1,3% na Intenção de Consumo das Famílias (ICF) do mês, em relação a julho - que levou o indicador a 123,4 pontos, o mais baixo nível desde o início da série histórica, em janeiro de 2010.

Segundo Fernandes, o consumidor está atento à atual volatilidade na cotação da moeda americana. Essa incerteza em relação ao câmbio, de acordo com ele, levanta dúvidas em relação ao futuro da inflação. Isso porque um novo patamar cambial, próximo a R$ 2,40, pode conduzir a impactos inflacionários expressivos, em itens importados, ou cujo preço está relacionado diretamente à cotação da moeda americana, como commodities agrícolas por exemplo. "O consumidor está vendo uma incerteza no câmbio, e isso gera menor otimismo", disse.

Outro fator levantado pelo especialista é a atual trajetória ascendente na taxa básica de juros (Selic), que começou a subir a partir de abril. Ele considerou que há um período de defasagem entre a subida da Selic e o impacto desse movimento na economia real. Mas, observou que, de uma maneira geral, já atentos a esse movimento, os juros no comércio já estão mais elevados do que no passado. Além disso, o comércio este ano não está mais favorecido pelo movimento de desonerações tributárias, que ajudou a puxar para baixo os preços de itens duráveis no ano passado, como automóveis e geladeiras, tornando-os mais atrativos para o consumidor.

Fernandes admitiu que esses fatores reunidos ajudaram na decisão da CNC de revisar para baixo o crescimento previsto para vendas no varejo em 2013, de 4,5% para 3,8%. No entanto, considerou que mesmo uma expansão de 3,8% pode ser considerada positiva para o setor varejista. Isso porque o comércio mostrou taxas de aumentos elevadas, em dois anos consecutivos, com altas de 6,7% em 2011; e de 8,4% em 2012.

"É um aumento menos intenso que, se confirmado, será a taxa de crescimento mais fraca do comércio nos últimos dez anos, mas é uma elevação em cima de base de comparação elevada", explicou.




Veículo: Valor Econômico


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