Comércio deve vender menos

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A redução do poder de compra da população, provocada pelo maior endividamento, pelo aumento dos juros, pela inflação e pelo dólar mais caro, deverá afetar o desempenho do comércio neste ano. E em Minas Gerais, onde as vendas estão estagnadas, a tendência é que os resultados sejam ainda piores. Até mesmo o Natal, principal data para o varejo em termos de negócios, começa a ficar ameaçado no Estado, com projeções de demanda menor do que no exercício anterior.

"A expectativa é que as vendas no segundo semestre e no Natal sejam menores neste ano, sim. Ainda não conseguimos estimar de quanto será a redução. Mas, com o consumo retraindo em todo o país, a realidade tende a ser essa", afirma o economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Gabriel de Andrade Ivo.

Ainda segundo ele, até mesmo a contratação de temporários em 2013 deverá ser afetada. Nacionalmente, espera-se uma alta de 1,8% nas admissões, com 122,9 mil novos postos de trabalho, segundo dados da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No ano passado, a elevação havia sido de 3,1%. O fato é que, em Minas Gerais, a tendência é de um aumento ainda mais moderado.

A situação do setor no Estado já não foi boa no primeiro semestre. No acumulado entre janeiro e julho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), houve uma queda de 0,2% nas vendas em Minas Gerais na comparação com o mesmo período de 2012. Para se ter uma ideia da diferença, no exercício anterior, no acumulado até julho, a comercialização havia crescido 8,4%.

"O comércio em Minas Gerais vem andando de lado, enquanto o Brasil ainda está mantendo pequenas taxas de crescimento. O nível de vendas no varejo mineiro encontrava-se em julho no mesmo nível de abril de 2012. E essa realidade não deve mudar no segundo semestre", afirma o analista do IBGE, Antônio Braz. O principal fator que explica um desempenho mineiro ainda pior que o nacional seria uma retração nas vendas dos hipermercados e supermercados do Estado. Isso mostra que, com um poder de compra menor, os consumidores estão abrindo mão de supérfluos, como derivados lácteos.


Dívidas -
Se no início do ano a inflação já justificava o mau momento do comércio no país e no Estado, agora uma série de fatores foi incluída nesta lista. Um deles é o aumento do endividamento das famílias. Segundo dados do Banco Central, o orçamento mensal das famílias comprometido com o pagamento de dívidas financeiras subiu pelo terceiro mês consecutivo em junho e bateu a casa dos 21,52%. Em abril estava em 21,49%.

O movimento, que tem ligação direta com a alta nas taxas praticadas pelo mercado, impacta diretamente o comércio, porque reduz a capacidade de compra do consumidor, segundo o pesquisador do centro de estatísticas e coordenador da pesquisa do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas, Raimundo de Sousa Leal.

Além disso, a alta dos juros também se tornou um complicador para o setor, uma vez que torna as dívidas dos consumidores mais altas e reduz o poder de compra. O problema é que, com a recente depreciação do real frente ao dólar e o risco iminente de impacto na inflação, o governo a aumentar ainda mais a Selic.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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