Varejo tem boa surpresa

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As vendas no varejo brasileiro surpreenderam em julho e aceleraram no ritmo mais rápido em um ano e meio, impulsionadas por móveis e eletrodomésticos e pelo alívio da inflação para as compras em supermercados.
 
Na comparação com junho, as vendas varejistas cresceram 1,9%, melhor resultado desde janeiro de 2012, quando foi registrada alta de 2,8%, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao mesmo mês do ano anterior, as vendas do varejo cresceram 6,0%.
 
Os resultados ficaram bem acima das expectativas, mas ainda não está claro se esse movimento poderá ser sustentado, diante de sinais de fraqueza do mercado de trabalho, renda real e confiança do consumidor.
 
"O que chamou a atenção é que foi generalizado", avaliou a economista da Tendências Alessandra Ribeiro. "Mas não conseguimos ver esse movimento como algo sustentável. E se for assim, não alimenta expectativas de consumo forte puxando a economia nos próximos trimestres".
 
Móveis e supermercados – Oito das dez atividades pesquisadas tiveram resultados positivos na comparação mensal. Os principais destaques foram Tecidos, vestuário e calçados (5,4%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (3,9%); Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,5%); Móveis e eletrodomésticos (2,6%) e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,8%).
 
Em relação ao mesmo mês de 2012, todas as atividades mostraram crescimento. O principal impacto no volume de vendas nesta base de comparação foi de Móveis e eletrodomésticos, com participação de 22,4% na taxa global do varejo após aumento de 11% no volume de vendas em relação a julho de 2012.
 
Esse setor vem sendo favorecido pelo programa do governo Minha Casa Melhor, uma linha de crédito de R$ 18,7 bilhões para financiar a compra de eletrodomésticos e móveis por beneficiários do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.
 
"Foram várias expansões, mas sobretudo no segmento de Móveis e eletrodomésticos. O programa Minha Casa Melhor injetou recursos no comércio e já repercute nas vendas", destacou a economista do IBGE Aleciana Gusmão.
 
Por sua vez, o grupo Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo teve participação de 21,8%, após alta de 2,6% nas vendas em julho ante 2012.
Nesse caso, o consumo foi favorecido por alimentos, que registraram em julho a primeira deflação desde julho de 2011, recuando 0,33%.
 
Já no comércio varejista ampliado – que inclui o setor automotivo e material de construção – as vendas registraram alta de 0,6% em julho ante junho, segundo o IBGE. Na comparação anual, houve avanço de 3,7%.
 
O resultado surpreendente das vendas no varejo de julho deve ajudar o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) do mesmo mês, que pode ser divulgado hoje. Ainda assim ele não é suficiente para cravar que uma recuperação estaria a caminho.
"Inicialmente, esperávamos um terceiro trimestre negativo, mas... dependendo dos dados de agosto, pode ser que tenhamos um terceiro trimestre perto da estabilidade", disse a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thais Marzola Zara.
 
Mantega comemora – Entretanto, o avanço no varejo foi comemorado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, como uma demonstração de que está ocorrendo uma recuperação do consumo no País.
 
"Mostra que a queda da inflação já está possibilitando que o consumidor tenha mais poder aquisitivo", disse o ministro. "O crédito também está melhorando um pouquinho, e isso se reflete nessas vendas a varejo, que foram muito boas".



Veículo: Diário do Comércio - SP


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