A recente valorização do câmbio já começa a influenciar os índices de preço. Segundo especialistas consultados pelo DCI, o cenário de inflação não é benéfico para os próximos meses, já que além da recente alta dos preços das matérias-primas houve também uma valorização das commodities.
Os professores também acreditam que apesar do Banco Central ter realizado diversos leilões para controlar a alta da moeda americana, a ação deve apenas estabilizar o preço da moeda entre R$ 2,25 e R$ 2,32, mas não será possível baixar o patamar de forma mais forte.
Segundo o professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pedro Raffy, "dos preços das matérias-primas normalmente há um espaço de três a quatro meses do repasse integral, esse repasse do IPA [Índice de Preços ao Produtor Amplo], vai refletir no IPCA daqui a três ou quatro meses. Isso reflete o dólar mas também a recuperação de preço em algumas commodities", disse.
Na última segunda-feira o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou o Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) que registrou alta de 1,05% em setembro ante 0,15% em agosto. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), um dos componentes do IGP-10, variou 1,46%, em setembro. Em agosto, a variação foi de 0,19%.
O superintendente adjunto de inflação do Ibre, Salomão Quadros, comentou na ocasião da divulgação do índice que "o câmbio está afetando a estrutura de preços da economia, embora ainda não tenha chegado a setores como o varejo", analisou.
O professor do Mackenzie calculou que entre dezembro e janeiro esta alta das matérias-primas deve chegar ao IPCA se o cenário continuar como o atual, com alta dos preços dos produtos básicos. "Se o câmbio voltar ao patamar de R$ 2 nós teremos um efeito fortemente deflacionário no IGP-10 e no IPA, nesse caso o IPCA nem sentiria o efeito, mas deveria ser uma reversão rápida o que é bastante improvável".
O professor da Business School São Paulo, (BSP) Daniel Miraglia, acredita que a inflação também tem sido pressionada por outros fatores. "Os juros no secundário aqui no Brasil já está bastante elevado, em qualquer situação o cenário da inflação não é benéfico, independentemente do câmbio, tem uma pressão de alimentos e o choque de oferta, que é falta de mão de obra qualificada e de infraestrutura", disse.
Os dois especialistas acreditam que a taxa básica de juros deve fechar o ano em 10%. O professor da BSP colocou que essa alta pode gerar uma desaceleração da economia e um pouco de desemprego, o que pode ajudar a inflação. Ele não soube precisar quando esses efeitos serão sentidos pela economia.
Indicador Semanal
A FGV divulgou ontem o Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) das capitais. Segundo os dados, o indicador subiu em quatro das sete capitais pesquisadas na segunda quadrissemana de setembro. No geral, o índice passou de 0,25% para 0,27%.
O IPC-S apresentou acréscimo na taxa de variação de preços em Salvador, onde passou de -0,08 para -0,06, em Belo Horizonte saindo de 0,2% a 0,29%, no Recife a mudança foi de 0,23% para 0,27% e em São Paulo que saiu de 0,10% para 0,19%. O indicador recuou em Brasília de 0,33% para 0,32%, em Porto Alegre de 0,52% para 0,47% e no Rio de Janeiro que saiu de 0,4% para 0,33%.
Veículo: DCI