Embora a previsão de crescimento de 1,5% da produção física neste ano esteja mantida, o setor de plásticos está experimentando um segundo semestre mais fraco do que o esperado. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, o mercado está "muito incerto" e os transformadores encontram dificuldade de repassar os aumentos de preço das resinas para seus clientes.

"A concorrência na transformação é grande e há também participação crescente dos importados, que abocanham o crescimento da demanda", disse Roriz. "A cada três anos, o volume de importação de transformados dobra".

Esse cenário se reflete no aprofundamento do déficit comercial do setor de plásticos. No acumulado do ano até julho, segundo a Abiplast, o saldo é negativo em US$ 1,4 bilhão, o equivalente a crescimento de 16,5% frente ao déficit registrado no mesmo período do ano passado. "O que mais nos preocupa é a incapacidade de concorrer com o produto importado e de exportar, porque é caro produzir no país", afirmou.

Segundo Roriz, desde o início do ano, os preços da matéria-prima acumulam alta superior a 10%. "A projeção é de crescimento de 1,5% neste ano, mas sobre uma queda de 1% na produção em 2012", ressaltou. A demanda por transformados, por outro lado, cresceu 7% o ano passado.

De acordo com o mais recente boletim econômico da Abiplast, a produção do setor de transformados plásticos cresceu 3,84% no acumulado de janeiro a julho, na comparação anual. "Com isso, estamos voltando aos níveis de 2010", disse Roriz. Em 12 meses até julho, o avanço na produção é de 3,34% e, especificamente em julho, a alta foi de 1,53% na comparação com o mês imediatamente anterior.

O segmento de laminados plásticos mostra o melhor desempenho no acumulado do ano, com produção 7,18% superior à verificada no mesmo intervalo de 2012, influenciado sobretudo pelo aumento na produção de fitas autoadesivas, conforme o boletim. Em seguida, aparece o segmento de artefatos diversos, com avanço de 5,09% na mesma base de comparação, "decorrente do grande crescimento na demanda por peças e acessórios plásticos para veículos".

Já o segmento de embalagens responde pelo menor ritmo de crescimento em sete meses, com aumento de 1,59% na produção, influenciado pelo desempenho do setor de alimentos e bebidas. A Abiplast destacou que a base de comparação de 2012 é baixa, o que acaba elevando as taxas de aumento na produção física.

Segundo o boletim econômico, o consumo aparente brasileiro de transformados plásticos totalizou R$ 36,5 bilhões nos primeiros sete meses do ano, com alta de 13%. Somente em julho, o consumo aparente ficou em R$ 5,44 bilhões, o equivalente a expansão de 3,3% em relação a junho. De janeiro a julho, o setor de transformados plásticos gerou 7,4 mil novas vagas de emprego, totalizando 355,3 mil trabalhadores formais no sétimo mês do ano.



Veículo: Valor Econômico